O que matou no Haiti não foi o terramoto, foi a pobreza!

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

A terra voltou hoje a tremer no Haiti.
Uma forte réplica do sismo do passado dia 12, de magnitude 6,1  na escala de Richter, fez lembrar aos haitianos e à imensa legião de ajuda humanitária que lá se encontra em missão, que o horror da tragédia teima em continuar bem presente no subconsciente das pessoas.

Apesar de todas as rezas e de todas as preces que se têm multiplicado pelo mundo inteiro, a verdade que se constata, é que todo esse esforço conjunto das comunidades religiosas até agora ainda não produziu qualquer resultado visível e válido para os Haitianos, pelo contrário, dá a ideia que essas orações só têm contribuído para acicatar ainda mais a ira "do criador".

O que me faz mesmo confusão neste imenso mar de tragédia humana, é observar a morbidez sem escrúpulos com que, tanto jornalistas como chefes de redacção, têm colocado no ar imagens de cadáveres em decomposição espalhados pelas ruas e no meio dos escombros, numa aparente ausência de sentido pela dignidade e pela integridade do ser humano.
Para tudo há limites! Bem sei que o direito de informar não pode passar ao lado da realidade, mas não é preciso fazer disso um circo macabro.

É bom lembrar que a maioria dos haitianos que pereceram com o sismo, não morreram por causa de um qualquer capricho da natureza, não foi um fenómeno geofísico quem fez milhares de vítimas e espalhou o terror no Haiti. A população deste país foi vitima, isso sim, da sua pobreza extrema, foi vítima da indiferença e do abandono da comunidade internacional, foi vitima da ausência de infra-estruturas de toda a ordem e de toda a escassez económica, que não permitiu que os haitianos pudessem ter casas feitas de betão, ao invés, tivessem casebres frágeis e barracos de pedra e tijolos sobrepostos, sem argamassa, sem qualquer tipo de alicerces ou colunas estruturais que permitisse a consistência das habitações em caso de terramoto, condições essas que são normais e que até obedecem a legislação própria  nos países desenvolvidos.

O que salta bem à vista com o sismo, são as características dramáticas deste país miserável.

Só para se ter uma ideia do impacto que significa o factor riqueza nestas questões, basta recordar que alguns sismos que acontecem em países desenvolvidos, (porque também acontecem, a natureza aqui não é selectiva) até são de maior magnitude e não causam sequer uma ínfima parte em catástrofe humana, que o sismo de 7 graus na escala de Richter provocou no Haiti.

Não é a natureza que é iníqua para  com os homens, nem sequer são as intervenções iradas de entidades metafísicas que são injustas ou punitivas, são os homens que perdem o sentido da igualdade para consigo próprios.

A situação geográfica do  Haiti, permitiria supor  e até prever, que este terramoto iria acontecer mais cedo ou mais tarde, era inevitável que assim fosse, o que fez a comunidade internacional para minimizar a possibilidade de  uma tragédia em larga escala?

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