Casamento homossexual - O mito dos valores e da procriação

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Não me apetecia nada voltar a escrever sobre este assunto e posso assegurar-vos que será a última vez que o faço. Seria ridículo deixar-vos cá uma declaração de interesses, mas sempre vos digo que prefiro pessoas do sexo oposto, mas, essas são as minhas preferências e eu não censuro e condiciono as preferências de cada qual, de acordo com a minha vontade ou com a minha filosofia de vida.

Faço-o apenas e só porque não me posso conter contra a confusão hipócrita e miserável que tem sido lançada, por alguns sectores trogloditas da nossa sociedade, a propósito do casamento entre pessoas do mesmo género.

Percebe-se a quem é que serve toda a hipocrisia congeminada nas sacristias, já me faz alguma confusão perceber que políticos experimentados e que considerava  minimamente inteligentes, apesar de não me identificar politicamente com eles, se deixem levar por esta onda histérica e completamente volúvel à volta dos valores da família.

Vamos por partes, fala-se muito (nisso os mais conservadores têm sido o porta-estandarte), na questão da adopção de crianças por casais homossexuais, há até quem seja a favor do casamento, mas contra a adopção, outros são contra as duas coisas e a maioria dos que são contra nem sabem muito bem porque é que o são, sabem apenas (porque alguém mais influente lhes disse para) ser do contra nesta matéria.

A lei que irá permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo não lhes será de todo impeditiva de serem pais efectivos e para isso não é forçoso que os seus filhos sejam adoptivos.
Sendo a lei aprovada, os  cidadãos continuarão a ter direitos e deveres perante a sociedade, é assim que  funciona, todos os desvios à lei terão que ser dirimidos nas instâncias próprias, até aqui não há dúvidas, por isso vivemos num estado de direito e não num estado inquisitorial.  

Posto isto...

Qualquer casal de mulheres pode recorrer à fertilização medicamente assistida, para isso só precisa de um dador de esperma ou recorrem a um banco de esperma,  já no caso dos casais homossexuais machos necessitam de uma barriga de aluguer e de um óvulo "emprestado"  por uma amiga,  portanto julgar que um casal homossexual não pode deixar descendência é um mito e esse mito desfaz-se facilmente sem recorrer à adopção e sem infringir a lei.

Por outro lado, se quiser-mos ver o problema sob a égide da ética e dos valores da família, este mito também se desmonta e nem é preciso ser demasiadamente liberal. Se  a Igreja e todos os sectores da sociedade por ela controlados, dirigissem as energias, que concentraram no combate à alteração da lei do casamento em prol da resolução dos problemas sociais e dos mais desfavorecidos, tenho a certeza que quem sairia a ganhar seria o reforço da congregação dos valores da família, ou vocês têm alguma dúvida que esta crise social faz mais pela desagregação familiar do que os casamentos entre homossexuais?

E ainda há mais, também não entendo em que medida é que os  casamentos entre pessoas do mesmo sexo irão abalar a consistência dos valores padronizados de família.

Mas alguém esperava que sem a lei do casamento homossexual, os homossexuais  tendessem a ter casamentos heterossexuais e formassem assim  unidades familiares mais "saudáveis" do ponto de vista ético-religioso?

Bem sei que há homossexuais que mantêm casamentos heterossexuais de fachada durante décadas, mesmo que o ambiente familiar  em casa seja deprimente e confrangedor para ambos os cônjuges e por arrastamento também para os filhos.

É esta a felicidade que os apologistas do preconceito doentio preconizam?

Desculpem lá mas vocês não têm o direito, ainda que sintam que têm poder, para condicionar a felicidade de quem quer que seja e muito menos em nome de falsos valores.

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