Crónica de uma tragédia anunciada

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Não. Não é sobre o Haiti que vou escrever, mas sobre a tragédia que se abaterá sobre a Venezuela.

A sociedade actual vive no mediatismo e na cultura do espectáculo, seja ele qual for. Para além disto, o ser humano possui uma limitação inebriante que nos impede de prestar atenção a vários fenómenos ao mesmo tempo. Por algum motivo é tão interessante controlar a imprensa nacional, pois dessa forma controla-se a agenda nacional, isto é, o que está ou não está em discussão, esquecendo-se/apagando-se temas mais inoportunos.

O que se está a suceder no Haiti é verdadeiramente trágico, mas está a limitar a nossa atenção ao que se passa na Venezuela. O senhor Hugo Chávez, por mais fiel que seja aos seus princípios, esquece-se que está a governar um país e a lidar com milhões de pessoas. O que se está a suceder na Venezuela poderá colocar o país em alvoroço em pouco tempo e o Sr. Chávez sabe disso, caso contrário não dizia ao exército para descer às ruas. A coisa vai mesmo aquecer!

Vamos lá ver o que se passa.


1º - Hugo Chávez promoveu uma desvalorização de 50% do bolívar

2º - Existem actualmente duas taxas oficiais na Venezuela e uma clandestina

3º - Impôs uma contenção forçada de custos nas empresas e comércio, sob pena de nacionalização


Comecemos pelo primeiro. Uma desvalorização, afinal, o que é? Injectando-se massivas quantidades de dinheiro em circulação, reduzimos o valor desse mesmo dinheiro, elevando o preço que temos de pagar em moeda nacional para obter moeda estrangeira (Taxa de Câmbio). Por outras palavras, torna-se mais difícil importar e mais fácil exportar, pelo que, acontece uma de duas coisas: ou o país produz mais ou enfrentará escassez internamente (este remédio já foi utilizado em Portugal em 1983). O povo venezuelano, do dia para a noite, viu o seu poder de compra reduzir-se substancialmente.


Teoricamente, o povo perde poder de compra, pois as empresas perante o encarecimento das importações e aumento das exportações, vêm-se forçados a aumentar os custos, logo os preços. Mas é precisamente aqui que Hugo Chávez comete outro erro: impede as empresas de aumentarem os seus custos, logo os preços, como seria natural. Ora isto, como está bom de ver, provocará um colapso total da estrutura produtiva do país. Hugo Chávez está a pedir aos empresários e comerciantes venezuelanos o impossível e, por isso, a ameaça de nacionalização (já em concretização) expõe os verdadeiros intentos do senhor ditador Hugo Chávez: a nacionalização de toda a economia venezuelana!


Porque é que isto é trágico? Porque aqueles que lutaram durante anos para conseguirem amealhar algo, forçar-se-ão a “trabalhar para aquecer” ou a entregar tudo ao estado. O clima de medo está instalado e certamente que existem muitas emoções prestes a explodir.

Finalmente ao existirem duas taxas de câmbio, uma para alimentos e outra para bens não essenciais. Chávez estimula a “arbitragem” cambial, pois ninguém acredita no valor oficial do Bolívar face ao dólar (cerca de 2,6 bolívares por cada dólar), pelo que no mercado negro existem pessoas especializadas em vender dólares ao preço de … 6,25 bolívares.


Este senhor ao querer a chuva na eira e sol no nabal, acabará por provocar uma tempestade a nível regional.

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