Fogaça da Feira a caminho da certificação

terça-feira, 12 de janeiro de 2010


É espantoso como é que um bando de Xico-espertos descobriu a galinha dos ovos de oiro naquilo que o concelho da Feira tem de mais genuíno - A  Fogaça da Feira.

Ainda que esta espécie de pão doce, tenha na sua origem um conjunto de lendas, mitos e superstições obscurantistas, não deixa de ser verdade que a fogaça se tornou um património cultural com a qual todos os Feirenses se identificam orgulhosamente.

Acho inaceitável que alguns espertalhões se queiram apropriar ilegitimamente do seu nome para fazerem uma espécie de clube de elite super entendido no negócio da fogaça.

Mas porque razão acha esta associação dos produtores  de fogaça que merece ter o direito exclusivo da produção de um produto que já tem raízes seculares por todo o concelho, para isso criem de raiz um produto exclusivo e genuinamente vosso, mas não lhe chamem fogaça.

O que aqui está em causa com esta certificação, não é a preservação da autenticidade da fogaça, é  issso sim restringir a exclusividade do seu fabrico entre os membros do clube.

A qualidade da fogaça que esta associação diz querer preservar de forma artesanal, não é mais que um primeiro passo para a industrialização massiva do seu fabrico.

Quanto menos produtores estiverem licenciados para a produzir pior será a qualidade e mais reduzida a opção de escolha, pelo que em última análise quem ficará a perder será o consumidor final, já que com a
cartelização da produção limitada a "meia dúzia" de produtores, mais fácil será concertar os preços pela margem mais alta de lucro.

Nem a treta da preservação genuína dos ingredientes me convence, este argumento da qualidade é mais que questionável, senão vejámos:

A fogaça que é produzida em algumas casas da especialidade na cidade da Feira, nem de longe nem de perto se assemelha à qualidade da fogaça produzida artesanalmente em algumas padarias e pastelarias de algumas freguesias, locais esses que já têm créditos mais que firmados junto da população, pelo que independentemente do nome que forem obrigados a dar à sua fogaça, ela será sempre infinitamente mais procurada e adquirida que a fogaça balofa e de massa pegajosa da cidade da Feira.

Por mim, cumprirei no próximo dia 19, o habitual ritual de  ir comprar fogaça à srª Otília em Paços, independentemente da fogaça já estar certificada ou não, independentemente de ainda se chamar fogaça ou não. 

5 comentários:

Anónimo disse...

O que me parece é que não percebes nada do assunto e te limitas a dizer banalidades.
Bem podes comer uma porcaria qualquer que tudo te parece bem.
Colocam-te uma fogaça à frente e ficas como um burro a olhar para um palácio sem saber se é boa ou má.
Deixa-me dar-te uma novidade: o ser bom ou mau não depende da tua interpretação!!! Depende de critérios estabelecidos que nos dão a certeza que a fogaça é mesmo uma fogaça.
Porque se fosse um molho de palha, um burro como tu diria sempre que é bom...
Eu acho muito bem que se faça alguma coisa para preservar a qualidade da nossa tradição.
Tens de deixar a mania de estar sempre a deitar abaixo aquilo que de bom se vai fazendo.

Bruno Costa disse...

Sem entrar nas questões do bom ou mau, do meu é melhor que o teu... deixo apenas uma questão: não é já de tempo de se acabar com as imitações "regueifianas" de fogaça que proliferam nos mercados de rua deste país, com especial incidência no dia 20 de Janeiro? Eu, como feirense, tenho vergonha daquilo que se vende por aí com nome de Fogaça e que nem a forma de fogaça tem!

O Conspirador disse...

Ao solípede anónimo das 02.20:

Já calculava que cá viesse comentar algum imbecil como tu.
Assim sendo também te vou dar uma novidade em primeira mão:
O ser bom ou ser mau não depende de critérios estabelecidos por um grupo de fantoches que se veste como os palhaços, a interpretação do bom e do mau depende de quem come e principalmente de quem paga.
Se és um dos que produz fogaça aí da Feira, não me espanta a crise biliar que a fogaça te provocou, podes sempre dedicar-te à recauchutagem de pneus com a tua fogaça de borracha.
Por fim, não ganhes o mau hábito de pensar que toda a gente partilha das tuas ideias de jumento convencido.
Só mais uma coisinha... a interpretação que fazes dos critérios que permitem que alguns paspalhos como tu venham cá comentar, não é assim tão linear, portanto, acho que fazias muito bem se respeitasses esses critérios.

We Are Legion disse...

Couph Couph Couph, então aqui vai: El Rei D. Gillian Seed, o 777º Rei de Portugal, quer aqui anunciar que a "Fogaça da Feira", marca registada com o objectivo de privatizar a produção do doce Fogaça em todo o Mundo, não só não é oriunda de Santa Maria da Feira, como a sua receita original é totalmente diferente da receita actual! Por conseguinte, a genuinidade invocada pelos "cavaleiros do apocalipse" que se gostam de vestir como cagalhões, é totalmente falsa !!!

"FOGAÇâ, s. f. (Do latim focarius). Bolo de farinha sobre o borralho, que se faz para dar-se como premio aos que lutam,cantam, correm porcos ao desafio.
O nome de fogaça é mais antigo que
a nossa monarchia. Eram bolos ou pães DELGADOS cozidos debaixo da cinza.* Entre os antigos era mui frequente esta qualidade do pão, que rapidamente se fazia: e se d'elle tomariam o appellido
os Fogaças d'este reino, que hombream com as fímilias mais nobres e antigas, e trazem por armas em campo franchado, além das cinco faxas de ouro, uma fogaça AZUL, gretada de PRATA.

Hoje mesmo fora de Portugal se usa
d'este PÃO; e entre nós em casa de aldeãos e camponezes: porém parece que desde então a esta parte se mudou a figura e qualidade das fogaças, pois vemos que são hoje bolos, ou pães levedados de muitas massas, e de vários feitios,
cozidos no forno, como o pão ordinário.

Na cidade do Porto, e seu bispado,
chamam ás ditas fogaças rigueifas.
Eram, pois, as fogaças um dos chamados serviços, que o caseiro prestava ao direito senhor, quando a elle vinha. — Pensão de foro ém pão ou grão, que consta de diversas qualidades, segundo
os foraes.

Em muitos foraes antigos se faz menção dos ditos serviços, porém sem declaração de quantidade, declarando-se em outros ser um ou dous alqueires de trigo, que hoje costumam pagar em grão. Passarao as fogaças do foro secular a serem offertas do culto religioso. A esperança de conseguir, e o agradecimento por ter alcançado graças, favores, fizeram carregar os nossos altares com varias
oblações, ainda mesmo comestíveis,
chamadas fogaças. Entre estas se faz distinguir o extravagante bolo ou fogaça na villa do Pombal. Não faltou quem dissesse, que uma D. Maria Fogaça, poucos séculos ha, foi a primeira, que ai li collocou
este bolo em honra da Senhora do
Cardal ; e que do seu appellido passou o nome a semelhante espécie do offertas. Como quer que seja, as circumstancias que acompanham aquella fogaça, o que algum tempo passaram por um assombroso milagre, sabemos hoje que a
mysteriosa natureza é quem as produz, sem intervenção alguma de portento.

-- continua...

We Are Legion disse...

Nas provindas da Beira não só chamam fogaças ás offertas que se dedicam aos logares sanctos, mas lambem ás offerteiras, que alli as conduzem. Poderia ser innocente e devota esta acção, quando meninas sem dolo, e de poucos annos,
singelamente as offereciam ; mas
hoje que a vaidade nos vestidos, a desordem nos costumes, o a formosura petulante fazem todo o fundo d'aquella ceromonia, deveria ser inteiramente abandonada
por gente sisuda.

— Dá-Se também o nome de fogaça
ao mimo de pães de trigo, ou leves,
ovos, e assucar ou cousas semelhantes, que os amigos levam ás recem-paridas.

— Voda de fogaça ou dinheiro. El-rei D. Manoel informado, do que nas comarcas da Beira, Traz-os-Monles, Entre Douro e Minho, se dispendia excessivamente nos banquetes dos casamentos e baptismos, e nos quaes, depois de longas comezanas e bebedeiras, havia mortes, ferimentos,
e outras immensas desordens,
commettidas. já pelos que haviam concorrido com dinheiros, já pelos que haviam mandado comestiveis, e que provocavam á gula, manda e ordena que, sob pena de açoutes e degredo para os logares de Africa, nenhuma pessoa de qualquer condição que seja, possa convidar
para o jantar ou ceia dos noivos (e o mesmo dos baptismos) pessoa alguma fora do quarto gráo dos ditos noivos ; e ainda estes parentes, e debaixo das mesmas
penas, não poderão dar cousa alguma
para a dita voda, nem dinheiros, nem cousas de comer, a quo se chamava fogaça.

-- Grande Diccionario Portuguez - Thesouro da Lingua Portugueza
Dr. Frei Domingos Vieira
Dos Eremitas Calçados de Santo Agostinho

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