Serviço de urgência do Hospital da Feira com consumo minimo obrigatório!!!
segunda-feira, 2 de março de 2009
O conceito até nem é novo e foi amplamente dinamizado na década de 80, em discotecas, pub's e bares de alterne.
Hoje, apesar de não estar completamente desgastado tem caído progressivamente em desuso, falo-vos obviamente do Consumo Mínimo Obrigatório.
Imaginem que entram num qualquer espaço, à entrada alguém com ar de porteiro entrega um pequeno cartão com uns quadradinhos no verso e no fundo uma pequena inscrição de rodapé com os dizeres" Consumo Mínimo Obrigatório = 8 Euros", com este simples gesto fazem de nós automaticamente clientes desse espaço, já que nos obrigam a pagar um valor independentemente do facto de consumir-mos ou não os produtos que nos dispõem.
Continuando a imaginar (quem nunca passou por isto?)..., imaginem agora, que se dirigem ao balcão para pedir uma bebida, passam 2 horas e o barman não nos serve a bebida, passam 4 horas e o barman ainda não nos serviu nada, passam 5 horas vocês desesperam pela fartura da espera e dirigem-se ao caixa reclamando da situação e mostrando-se indisponíveis para pagar o Consumo Mínimo Obrigatório com a argumentação de que não dispuseram do Atendimento Mínimo Obrigatório, que exigisse tal pagamento.
Chegados a este ponto restam duas opções, ou o gerente do espaço tem bom senso e vos deixa sair com naturalidade e ainda pede desculpas pela péssima qualidade do atendimento ou é completamente irracional e exige mesmo assim o pagamento e nessa situação entorna-se completamente o caldo.
Ao cliente neste caso, resta-lhe pedir o livrinho amarelo e apresentar lá por escrito a respectiva reclamação, ou então exigir a presença das autoridades com todas as implicações que isso poderá acarretar, até para a sua integridade física ( é normal haver a presença de animais selvagens à porta destes espaços - os chamados gorilas da noite). Não pagando, o pior que lhes pode acontecer, para além de se sujeitarem a ser contemplados com um deprimente e doloroso arraial de pancada, é não lhe ser permitida a entrada naquele espaço numa próxima visita (os gorilas da noite também são conhecidos por terem uma excelente memória visual), isto no caso de serem completamente insanos do juízo, por lá voltarem outra vez.
Nesta altura da leitura, já se devem ter questionado:
- Mas que raio tem esta lengalenga toda que ver com o título do post?
Pois é mesmo caros amigos, apesar da prática ser corrente, eu também não sabia, o serviço de urgências do Hospital de São Sebastião da Feira, também aderiu ao conceito do Consumo Mínimo Obrigatório. Desde que o doente dê entrada no serviço de urgência e preencha a ficha de inscrição é obrigado a pagar a taxa moderadora de 8,40 €.
No caso em concreto, passou-se mais ou menos assim:
O doente entrou na urgência, preencheu a ficha, fez a triagem, colocaram-lhe a pulseirinha verde e mandaram-no aguardar e o paciente aguardou... aguardou... continuou a aguardar... passaram duas horas e ainda esperava... e continuou a esperar... passaram 4 horas e ainda esperava... esperou... esperou... até que se passou dos carretos e da paciência e foi procurar cura noutro sitio, abandonando o hospital exasperado pela longa espera e vociferando alguns palavrões de desabafo e de circunstância não direccionados a ninguém em particular, mas ao vergonhoso sistema de saúde que temos no país.
Aparentemente, a história terminaria por aqui com mais um utente descontente com o atendimento nas urgências do HSS, digo aparentemente, porque na verdade, o episódio relatado veio a conhecer novos desenvolvimentos passado muito tempo.
Muito tempo depois (mais de 3 meses) o mesmo utente teve necessidade de recorrer às consultas externas do HSS para tratar de um problema no serviço de cirurgia vascular, foi então que na secretaria teve uma grande surpresa quando o funcionário lhe lembrou que tinha o valor aproximado de 8 € para liquidar, relativo a um episódio de urgência ocorrido uns meses atrás.
Mais lembrou que, sem a liquidação desse valor não poderia ser consultado nem fazer os exames necessários no serviço de cirurgia vascular.
O paciente ficou estupefacto e com relutância lá teve que pagar os 8€, já que não poderia prescindir da consulta externa, no entanto pediu explicações pelo facto de ter que pagar um serviço do qual não usufruiu, ao que lhe terá sido explicado que, apesar de não ter sido atendido no serviço de urgência não respondeu à chamada nem deu qualquer indicação para anular a sua entrada.
Chegados a este ponto cabe-me a mim perguntar que pouca vergonha é esta? que serviço público de saúde tendencialmente gratuito é este?
Na minha perspectiva esta prática configura-se enferma de legitimidade senão leiam esta citação de resposta que está acessível no portal do Ministério da Saúde:
"Quando é que um utente deve pagar taxas moderadoras?
Sempre que lhe sejam prestados cuidados de saúde nos serviços do SNS ou em outros serviços com os quais tenham sido celebradas convenções. Muitos utentes estão isentos do pagamento de taxas moderadoras."
Assim sendo, ao utente que não foram prestados quaisquer cuidados de saúde no Hospital de São Sebastião, não teriam que ser exigidos quaisquer pagamentos de taxas moderadoras.
Por aqui se percebe a ânsia dos gestores do HSS em apresentarem resultados para enaltecer a sua gestão modelo, aliás amplamente reconhecida pelo próprio governo.
Isto é absolutamente inacreditável e o caso não irá morrer aqui, pelo que conheço do utente em questão, o caso irá ser levado às últimas consequências, tanto junto do ministério da saúde, como no próprio Hospital da Feira nos serviços de contencioso, isto para além de já ter seguido uma queixa para a defesa do consumidor.
Uma verdadeira vergonha... que me faz ter vergonha do meu próprio país.
É este o modelo de serviço público de saúde que nos querem impor, com o dinheiro dos nossos impostos?
Se é assim começa a perceber-se a eficiência...um doente é propositadamente mal tratado com o tempo de espera, de modo que perca a paciência e abandone as instalações do Hospital ,sem que os médicos o cheguem a atender. De seguida rega-se isto tudo com 8 € e temos o Consumo Mínimo Obrigatório...
PUBLICAÇÃO : O GADANHA
Hoje, apesar de não estar completamente desgastado tem caído progressivamente em desuso, falo-vos obviamente do Consumo Mínimo Obrigatório.
Imaginem que entram num qualquer espaço, à entrada alguém com ar de porteiro entrega um pequeno cartão com uns quadradinhos no verso e no fundo uma pequena inscrição de rodapé com os dizeres" Consumo Mínimo Obrigatório = 8 Euros", com este simples gesto fazem de nós automaticamente clientes desse espaço, já que nos obrigam a pagar um valor independentemente do facto de consumir-mos ou não os produtos que nos dispõem.
Continuando a imaginar (quem nunca passou por isto?)..., imaginem agora, que se dirigem ao balcão para pedir uma bebida, passam 2 horas e o barman não nos serve a bebida, passam 4 horas e o barman ainda não nos serviu nada, passam 5 horas vocês desesperam pela fartura da espera e dirigem-se ao caixa reclamando da situação e mostrando-se indisponíveis para pagar o Consumo Mínimo Obrigatório com a argumentação de que não dispuseram do Atendimento Mínimo Obrigatório, que exigisse tal pagamento.
Chegados a este ponto restam duas opções, ou o gerente do espaço tem bom senso e vos deixa sair com naturalidade e ainda pede desculpas pela péssima qualidade do atendimento ou é completamente irracional e exige mesmo assim o pagamento e nessa situação entorna-se completamente o caldo.
Ao cliente neste caso, resta-lhe pedir o livrinho amarelo e apresentar lá por escrito a respectiva reclamação, ou então exigir a presença das autoridades com todas as implicações que isso poderá acarretar, até para a sua integridade física ( é normal haver a presença de animais selvagens à porta destes espaços - os chamados gorilas da noite). Não pagando, o pior que lhes pode acontecer, para além de se sujeitarem a ser contemplados com um deprimente e doloroso arraial de pancada, é não lhe ser permitida a entrada naquele espaço numa próxima visita (os gorilas da noite também são conhecidos por terem uma excelente memória visual), isto no caso de serem completamente insanos do juízo, por lá voltarem outra vez.
Nesta altura da leitura, já se devem ter questionado:
- Mas que raio tem esta lengalenga toda que ver com o título do post?
Pois é mesmo caros amigos, apesar da prática ser corrente, eu também não sabia, o serviço de urgências do Hospital de São Sebastião da Feira, também aderiu ao conceito do Consumo Mínimo Obrigatório. Desde que o doente dê entrada no serviço de urgência e preencha a ficha de inscrição é obrigado a pagar a taxa moderadora de 8,40 €.
No caso em concreto, passou-se mais ou menos assim:
O doente entrou na urgência, preencheu a ficha, fez a triagem, colocaram-lhe a pulseirinha verde e mandaram-no aguardar e o paciente aguardou... aguardou... continuou a aguardar... passaram duas horas e ainda esperava... e continuou a esperar... passaram 4 horas e ainda esperava... esperou... esperou... até que se passou dos carretos e da paciência e foi procurar cura noutro sitio, abandonando o hospital exasperado pela longa espera e vociferando alguns palavrões de desabafo e de circunstância não direccionados a ninguém em particular, mas ao vergonhoso sistema de saúde que temos no país.
Aparentemente, a história terminaria por aqui com mais um utente descontente com o atendimento nas urgências do HSS, digo aparentemente, porque na verdade, o episódio relatado veio a conhecer novos desenvolvimentos passado muito tempo.
Muito tempo depois (mais de 3 meses) o mesmo utente teve necessidade de recorrer às consultas externas do HSS para tratar de um problema no serviço de cirurgia vascular, foi então que na secretaria teve uma grande surpresa quando o funcionário lhe lembrou que tinha o valor aproximado de 8 € para liquidar, relativo a um episódio de urgência ocorrido uns meses atrás.
Mais lembrou que, sem a liquidação desse valor não poderia ser consultado nem fazer os exames necessários no serviço de cirurgia vascular.
O paciente ficou estupefacto e com relutância lá teve que pagar os 8€, já que não poderia prescindir da consulta externa, no entanto pediu explicações pelo facto de ter que pagar um serviço do qual não usufruiu, ao que lhe terá sido explicado que, apesar de não ter sido atendido no serviço de urgência não respondeu à chamada nem deu qualquer indicação para anular a sua entrada.
Chegados a este ponto cabe-me a mim perguntar que pouca vergonha é esta? que serviço público de saúde tendencialmente gratuito é este?
Na minha perspectiva esta prática configura-se enferma de legitimidade senão leiam esta citação de resposta que está acessível no portal do Ministério da Saúde:
"Quando é que um utente deve pagar taxas moderadoras?
Sempre que lhe sejam prestados cuidados de saúde nos serviços do SNS ou em outros serviços com os quais tenham sido celebradas convenções. Muitos utentes estão isentos do pagamento de taxas moderadoras."
Assim sendo, ao utente que não foram prestados quaisquer cuidados de saúde no Hospital de São Sebastião, não teriam que ser exigidos quaisquer pagamentos de taxas moderadoras.
Por aqui se percebe a ânsia dos gestores do HSS em apresentarem resultados para enaltecer a sua gestão modelo, aliás amplamente reconhecida pelo próprio governo.
Isto é absolutamente inacreditável e o caso não irá morrer aqui, pelo que conheço do utente em questão, o caso irá ser levado às últimas consequências, tanto junto do ministério da saúde, como no próprio Hospital da Feira nos serviços de contencioso, isto para além de já ter seguido uma queixa para a defesa do consumidor.
Uma verdadeira vergonha... que me faz ter vergonha do meu próprio país.
É este o modelo de serviço público de saúde que nos querem impor, com o dinheiro dos nossos impostos?
Se é assim começa a perceber-se a eficiência...um doente é propositadamente mal tratado com o tempo de espera, de modo que perca a paciência e abandone as instalações do Hospital ,sem que os médicos o cheguem a atender. De seguida rega-se isto tudo com 8 € e temos o Consumo Mínimo Obrigatório...
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