A crise social e a xenofobia
quarta-feira, 4 de março de 2009
Um dos aspectos mais preocupantes da crise é o crescente aumento do desemprego e as consequências sociais que isso acarreta.
Dados revelados esta semana estimam que no concelho de Santa Maria da Feira, foram perto de 1000, os desempregados que se inscreveram no centro de emprego só no mês de Janeiro, estes dados revelam-se ainda mais assustadores se tivermos em conta que só esse mês de Janeiro, contribuiu com perto de 20% para os números totais do desemprego no concelho, que há data se cifravam em mais de 6000.
Estes números infelizmente pecam por defeito, com o fecho quase diário de unidades fabris e com a dispensa contínua de trabalhadores, o cenário a breve trecho será ainda muito mais negro para a região.
O desemprego produz reflexos incontornáveis no tecido social, exemplos disso mesmo, é o crescente número de pessoas que recorrem a instituições de caridade social para satisfazer necessidades básicas como a alimentação, o número assustador de casas e apartamentos que são colocados à venda pela impossibilidade de cumprir financeiramente os contratos de empréstimos com a banca, são inúmeros os cortes no fornecimento de serviços básicos (água,luz, gás, etc.) por falta de pagamento, é o aumento da criminalidade contra pessoas e bens, é a recorrente e desumana violência doméstica, é a exclusão social, mas também é o recrudescimento de fenómenos associados a sentimentos xenófobos.
A este propósito, há dias ouvia alguém numa conversa de café dizer que achava mal que numa dada empresa estivessem imigrantes de leste a trabalhar, quando todos os dias vão portugueses para o desemprego.
Perturba-me particularmente este tipo de raciocínio e intolerância vesga, principalmente porque Portugal tem desde há gerações a esta parte uma enorme Diáspora espalhada pelos quatro cantos do mundo.
Compatriotas nossos que impulsionados pela miséria, procuraram sustento pela força do seu trabalho fora do seu país natal. São incontáveis os exemplos de sucesso pessoal, que muitos deles granjearam, então o que justifica esta obsessão doentia, este medo irracional por aqueles que são diferentes na língua, na raça ou no credo mas iguais no desejo de uma vida melhor, não terão direito a almejar tal desiderato?
Haverá alguma pessoa deste concelho, que não tenha um familiar ou amigo a trabalhar e a fazer vida no estrangeiro?
Bem sei que o desemprego arrasta consigo muitas situações de injustiça e de desilusão, mas não arranjemos bodes expiatórios fictícios, quando os culpados pelas nossas maleitas são bem conhecidos. Esta crise deve-se essencialmente não a quem trabalha, não a quem quer trabalhar, mas essencialmente a quem jogou e perdeu quando pretendia enriquecer na base da especulação não produtiva.
Quem cá estiver para trabalhar merece todo o meu respeito, e deve merecer um tratamento condigno, tanto mais que com o seu trabalho e os seus impostos os emigrantes também contribuem para a riqueza deste país. até são, grosso modo, as primeiras vitimas da exploração laboral obstinada e abusiva que muitos dos nossos empresários sem escrúpulos promovem.
Dados revelados esta semana estimam que no concelho de Santa Maria da Feira, foram perto de 1000, os desempregados que se inscreveram no centro de emprego só no mês de Janeiro, estes dados revelam-se ainda mais assustadores se tivermos em conta que só esse mês de Janeiro, contribuiu com perto de 20% para os números totais do desemprego no concelho, que há data se cifravam em mais de 6000.
Estes números infelizmente pecam por defeito, com o fecho quase diário de unidades fabris e com a dispensa contínua de trabalhadores, o cenário a breve trecho será ainda muito mais negro para a região.
O desemprego produz reflexos incontornáveis no tecido social, exemplos disso mesmo, é o crescente número de pessoas que recorrem a instituições de caridade social para satisfazer necessidades básicas como a alimentação, o número assustador de casas e apartamentos que são colocados à venda pela impossibilidade de cumprir financeiramente os contratos de empréstimos com a banca, são inúmeros os cortes no fornecimento de serviços básicos (água,luz, gás, etc.) por falta de pagamento, é o aumento da criminalidade contra pessoas e bens, é a recorrente e desumana violência doméstica, é a exclusão social, mas também é o recrudescimento de fenómenos associados a sentimentos xenófobos.
A este propósito, há dias ouvia alguém numa conversa de café dizer que achava mal que numa dada empresa estivessem imigrantes de leste a trabalhar, quando todos os dias vão portugueses para o desemprego.
Perturba-me particularmente este tipo de raciocínio e intolerância vesga, principalmente porque Portugal tem desde há gerações a esta parte uma enorme Diáspora espalhada pelos quatro cantos do mundo.
Compatriotas nossos que impulsionados pela miséria, procuraram sustento pela força do seu trabalho fora do seu país natal. São incontáveis os exemplos de sucesso pessoal, que muitos deles granjearam, então o que justifica esta obsessão doentia, este medo irracional por aqueles que são diferentes na língua, na raça ou no credo mas iguais no desejo de uma vida melhor, não terão direito a almejar tal desiderato?
Haverá alguma pessoa deste concelho, que não tenha um familiar ou amigo a trabalhar e a fazer vida no estrangeiro?
Bem sei que o desemprego arrasta consigo muitas situações de injustiça e de desilusão, mas não arranjemos bodes expiatórios fictícios, quando os culpados pelas nossas maleitas são bem conhecidos. Esta crise deve-se essencialmente não a quem trabalha, não a quem quer trabalhar, mas essencialmente a quem jogou e perdeu quando pretendia enriquecer na base da especulação não produtiva.
Quem cá estiver para trabalhar merece todo o meu respeito, e deve merecer um tratamento condigno, tanto mais que com o seu trabalho e os seus impostos os emigrantes também contribuem para a riqueza deste país. até são, grosso modo, as primeiras vitimas da exploração laboral obstinada e abusiva que muitos dos nossos empresários sem escrúpulos promovem.
PUBLICAÇÃO : O GADANHA
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