Valha-nos o Euro

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009


 A moeda única está de parabéns. Festeja 10 anos e olhando para trás podemos afirmar: “Valeu a pena”. Trata-se do projecto europeu mais vanguardista e elucidativo, do espírito europeísta.

 Este projecto que criou a União Económica e Monetária (UEM) iniciou-se a 1 de Janeiro de 1999, embora de uma forma simbólica, pois apenas em 1 de Janeiro de 2002 é que as notas e moedas do euro entraram em circulação. Nessa época e, ainda hoje, existem contestatários deste projecto, pois, segundo eles, retirou-se soberania aos estados aderentes em termos de condução de política monetária e em termos da política orçamental. Por estas razões e outras, estritamente simbólicas, alguns países recusaram-se a aderir à UEM, contudo começam a enfrentar alguns problemas.

 Como qualquer projecto, o euro, tem prós e contras, mas veja-se após 10 anos, o que se alcançou:

  • Uma inflação média de 2% ao ano
  • Quase 16 milhões de postos de trabalho criados (o que beneficia todos os estados membros, via exportações/importações)
  • As taxas juro caíram para valores inferiores a 4%, em contra-ponto com as taxas de dois dígitos que vigoram nas décadas anteriores
  • Eliminação do risco cambial dentro dos países aderentes, facilitando viagens e negócios
  • Saldos orçamentais com muito menos deficitários em percentagem do PIB (média de 0,6%), o que implica menos injustiças inter-geracionais
  • Mercados intra-europeus mais integrados
  • Euro como moeda de preponderância internacional
  • Mais de 320 milhões de pessoas a utilizarem a mesma moeda (mais que a população dos Estados Unidos)

 

 O que teria acontecido a Portugal, se não tivéssemos aderido?

 Provavelmente, teríamos os governos a gastar sucessivamente mais do que aquilo que podiam (tal como fazem hoje, mas a uma escala superior) recorrendo à emissão de moeda para eliminar esse deficit. Por outro lado, recorreriam à emissão de moeda para desvalorizarem o escudo e dessa forma aumentar a competitividade nacional por desvalorizações e não por mais produtividade. Estes dois factores em conjunto colocariam Portugal com um nível de inflação brutal e com taxas de juro descomunais, impedindo as pessoas e as empresas de se financiarem a taxas razoáveis. Mas não é só! Quando os preços de petróleo iniciaram uma subida vertiginosa, a valorização do euro amorteceu essa subida, mas com um escudo em constante desvalorização, os preços dos combustíveis tornar-se-iam insuportáveis. Para além de estarmos sujeitos a ataques especulativos à moeda nacional, porque os investidores internacionais não acreditariam na nossa capacidade para solver dívidas, colocariam o máximo de escudos à venda, para não sofrerem menos-valias. Estas desvalorizações sucessivas da moeda provocariam um aumento das dívidas nacionais no estrangeiro, porque estando a dívida denominada em moeda estrangeira e, se a nossa moeda se desvaloriza, então teríamos de pagar mais pelos mesmos dólares ou ienes. Resultado final? Bancarrota, tal como aconteceu na Islândia.

 Tendo em mente isto, valha-nos o euro!

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