Feira Viva, autonomia financeira morta!

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

A gestão da empresa municipal "Feira Viva" tem estado envolta em alguma polémica, sobretudo pelo facto, de mais de metade das verbas em que sustenta o desenvolvimento das suas actividades vir directamente do orçamento camarário.

Para os responsáveis da empresa "Feira Viva", a excelência da sua gestão possibilitará no curto prazo uma autonomia financeira que tornará a empresa auto-sustentável relativamente à realização dos grandes eventos culturais, e aqui entenda-se, a "Viagem Medieval", o "Imaginarius" e mais recentemente a "Terra dos Sonhos", que são simultaneamente aqueles que maiores recursos financeiros sorvem dos cofres municipais.


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Ora, lendo com atenção o plano previsional de orçamento para 2009, no que concerne à realização de eventos da empresa municipal "Feira Viva", é possível constatar que haverá uma redução de 20000€ nos subsídios que serão atribuídos à "Viagem Medieval", o que representa uma redução de 9% relativamente a 2008. Já o "Imaginarius" não terá qualquer redução de subsídios e talvez se compreenda facilmente a razão: Um festival de teatro de rua, terá sempre dificuldades em obter receitas próprias e a comprová-lo o facto de se prever apenas 50000€ de financiamento nesta modalidade, o que representa cerca de 16,5% do financiamento total que andará pelos 300000€.

Por estes dois exemplos se percebe, que aquilo que é dito relativamente ao auto-financiamento futuro do "Feira Viva" não passa de uma grande peta que pretendem enfiar aos Feirenses.
A "Viagem Medieval" teria que rever de forma muito profunda os moldes em que se sustenta actualmente, para que pudesse ter autonomia financeira nos próximos anos e isto poderia entroncar numa ideia que não é nova e que foi proposta para a edição de 2008, mas que entretanto foi abandonada por falta de coragem política; refiro-me à "ticketização" das entradas, portanto entradas pagas nos espaços e recintos onde se desenrola toda a actividade do evento.

Já quanto ao "Imaginarius", é por demais duvidoso que este evento alguma vez possa manter um cartaz suficientemente atractivo para as pessoas, com gastos que permitissem a sua auto-sustentação.

O que verdadeiramente me impressiona mais, são as verbas atribuídas ao evento "A Terra dos Sonhos". Este evento teve a sua primeira edição em 2008 e o balanço que os responsáveis organizativos fizeram não poderia ser mais elucidativo:
- "O sucesso do evento superou todos os objectivos inicialmente previstos!"

Assim sendo, e porque este evento representou igualmente a primeira experiência em termos de realização de grandes eventos com entrada paga, tendo sido um sucesso, não se percebe porque razão a Câmara Municipal irá subsidiar o evento de 2009 com 100000€, o que representa quase metade do custo total previsto.

Resumindo... "a bota não bate com a perdigota" e conclui-se que a realização destes eventos constituem um autêntico sorvedouro de recursos municipais, de intencionalidade e utilidade questionável para o cidadão. Recursos esses que se melhor aplicados noutras áreas, ajudariam a minorar o aspecto sôfrego do cartaz tristonho e de carência profunda, que caracteriza este concelho.

Onde é que existe a autonomia financeira?

Se nem com entradas pagas o "Feira Viva" consegue verbas que cubram as despesas, como é que num futuro próximo terão capacidade para auto-sustentar a suas maiores realizações?


Finalmente revendo o mapa com atenção verifica-se que a "Semana Santa" será reforçada com mais 25000€, ou seja o custo do evento duplica de 25 para 50 mil euros.
Aqui existe, sem qualquer pudor, um claro piscar de olho aos eleitores católicos, num acto puro de propagação da palavra dos "Pastores da Feira", que não desleixam os seus créditos e apascentam o povo, com o anúncio da "Boa Nova"! - O exigente calendário eleitoral que se aproxima...

Apesar de toda a programação do "Feira Viva" continuar a viver à mingua de subsídios municipais, o que não revela de todo uma boa gestão, bem que poderão dizer que em 2009 estarão solidários com a crise que afecta todo o concelho, pois terão que conviver com uma redução total de menos de 3% nos subsídios e com isso perspectiva-se a autonomia financeira a curto prazo!

A futura autonomia financeira da empresa Feira Viva, não andará por certo, muito longe da letra morta!

PUBLICAÇÃO : O GADANHA

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  © Feira das Conspirações! - Santa Maria da Feira - Portugal - Maio/2008

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