Médio Oriente - Barbárie de Israel na Faixa de Gaza
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
Compreender este conflito entre Israel e os grupos sanguinários do Hamas, não pode estar dissociado daquilo que tem sido a história conflituosa entre Israel e o mundo Árabe, e muito em particular com os Palestinianos, desde a independência do estado Hebraico em 1948.
Em boa verdade, tanto Israelitas como Palestinianos, nutrem um ódio e uma desconfiança visceral entre si.
Talvez os mais incompreendidos pelo mundo ocidental tenham sido desde sempre os Palestinianos.
É importante perceber a origem destes conflitos, que ultrapassa em muito o mero fundamentalismo religioso com que muitos os pretendem conotar.
Aliás transcende em larga escala este motivo, de tal forma que a coexistência pacífica entre muçulmanos e Judeus é uma realidade dentro das fronteiras de Israel.
O problema é bem mais complexo e que se perde nos anais da história, mas que foi potenciado num momento histórico mais recente, quando as Nações Unidas determinaram a divisão da Palestina entre um estado Judeu e um estado Árabe.
Os árabes nunca viram com bons olhos esta partilha, ao que se seguiram vários conflitos com Israel.
Destes conflitos resultou uma inegável supremacia Israelita, sempre apoiada pelo seu poderoso aliado - os Estados Unidos; resultou igualmente uma expansão territorial Israelita muito para além das fronteiras definidas pela ONU.
Os Palestinianos viram-se assim despojados das suas casas, dos seus bens e mais importante, das suas terras.
Incapazes de se oporem aos intentos do seu inimigo pela via militar convencional, não tardou a que se organizassem grupos que optassem por acções de guerrilha e de terrorismo, com o objectivo de libertar a Palestina do domínio Sionista.
Apoiados essencialmente por estados Árabes, mas também como veremos adiante, pelos próprios serviços de inteligência Israelitas (Mossad).
O HAMAS, surgiu em 1987 como um desses grupos, que pretendia a desocupação por Israel dos territórios Palestinianos de Gaza e da Cisjordânia. O HAMAS foi apoiado financeiramente pela Arábia Saudita, pela Síria e também pela Mossad, sendo inclusive reconhecido oficialmente pelo estado de Israel.
O HAMAS detém grande simpatia junto do povo , já que tem sido o movimento que mais auxilio social e comunitário tem prestado à população.
Em 1989, com a primeira Intifada o HAMAS lança ataques violentos contra alvos civis e militares no território Hebraico e passa a ser olhado com desconfiança por Israel que inclui o grupo no lote dos grupos terroristas.
Perceber o que levou hoje a esta intervenção de Israel na faixa de Gaza com o objectivo de liquidar o Hamas, está muito além da auto-defesa. Israel teria já preparada toda esta missão militar muito antes de terminado o prazo de seis meses de tréguas, que tinha sido concordado entre ambas as partes em Junho de 2008 e que terminava em Dezembro.
Os foguetes artesanais que o Hamas enviava para Israel eram meramente provocatórios, embora sendo passíveis de poder criar baixas, na verdade estes foguetes eram muito rudimentares e pouco precisos, de tal forma que as centenas que foram enviados contra Israel causaram apenas uma vitima mortal e 4 feridos.
No entanto o Hamas deu o mote necessário, para que Israel avançasse com toda a brutalidade sobre a Faixa de Gaza e cometesse uma barbárie indiscriminada entre a população civil, cujo saldo já vai em mais de 600 mortos, ironicamente, entre os soldados Israelitas as maiores baixas foram cusadas por fogo aliado - 3 vitimas. De notar que os próprios Israelitas causaram mais mortos aos seus cidadãos, neste caso militares, do que as centenas de rockets que o Hamas disparou em direcção a Israel.
O que pretende o Hamas?
O Hamas venceu as eleições para o parlamento da autoridade Palestiniana com o apoio do voto popular, em eleições livres e democráticas segundo observadores internacionais. Israel temendo a segurança do estado retalia a vitória do Hamas, com um bloqueio total às fronteiras terrestres, aéreas e marítimas de Gaza, asfixiando a débil economia do território, não permitindo que entrassem em Gaza, alimentos, medicamentos, combustíveis e água, tornando dramática a situação humanitária de uma região densamente povoado com mais de 1,5 milhões de habitantes.
O que o Hamas pretendia era o levantamento deste embargo, para aliviar a situação humanitária deste povo. Se havia outros propósitos menos humanitários e mais belicitas por parte do Hamas é admissível que sim.
Os meios que usaram para o conseguir são condenáveis e nem sequer pretendo fazer aqui a defesa de um grupo de sanguinários, o que é importante é perceber que no meio disto quem sofre são sempre os inocentes.
Porque razão deu o povo Palestino uma maioria a um grupo sanguinário e terrorista?
Quando foi acordada a passagem dos territórios de Gaza e da Cisjordânia para a autoridade Palestiniana, a FATAH o partido ao qual pertencia Yasser Arafat, o líder histórico da OLP, ficou a governar os destinos daquilo que se perspectivava vir a ser o futuro estado Palestino.
A autoridade Palestiniana geria o território essencialmente com a ajuda financeira internacional, já que a sua incipiente economia não era susceptível de gerar recursos, aliás, os territórios palestinianos são economicamente inviáveis, sem a ajuda de Israel e da comunidade internacional.
A União Europeia foi em grande parte o pilar de sustentação económica e financeira daqueles territórios, com milhões de Euros em fundos e ajudas que visavam erguer as infraestruturas básicas para a criação de um estado. Israel e os Estados Unidos sempre se alhearam economicamente do problema palestino.
Os territórios Palestinos figuram como dos mais pobres do mundo e onde a situação social é dramática. Com cerca de 40% de desempregados e com um rendimento per capita pouco superior a 1,5 € diários, os Palestinos estão irremediavelmente condenados à miséria.
A esperança num futuro melhor gorou-se completamente com o partido FATAH, que mais não fez que conceder mordomias a uma pequena elite de corruptos que ignoraram por completo as necessidades mais básicas do povo e revelaram uma incompetência total para governar os territórios agora desocupados pela potência invasora.
Ora, o povo se mal estava , melhor não ficou e de barriga vazia olhava com ódio aqueles que engordavam fartamente à custa das ajudas exteriores e que não faziam chegar os bens mais básicos a quem deles necessitava.
Foi neste clima de desconfiança no governo, que nas eleições de 2006 o povo atribuiu os seus votos ao Hamas, que sempre esteve mais próximo do Povo Palestino, através da criação de uma vasta rede de assistência social e educacional.
Por aqui, talvez se perceba, que o apoio que Israel manifestou a partir de determinada altura ao partido Fatah, tenha sido contra-producente, a menos que o objectivo Israelita seja um genocídio premeditado do povo Palestino, caso contrário, dificilmente Israel conseguirá abafar a revolta deste povo com a força das armas.
Para que se perceba a desproporção da intervenção de Israel em Gaza, basta pensar que depois de terminada a ofensiva, será preciso reconstruir totalmente as infraestruturas do território e mais uma vez Israel colocar-se-á à margem da reconstrução juntamente com os Estados Unidos.
Por esta razão é especialmente importante que a Europa, sobre quem irá recaír a responsabilidade de reconstruir a faixa de Gaza, tenha uma atitude forte de condenação à intervenção actual de Israel. Os contornos desta missão e os seus objectivos a curto prazo parecem claros, só não se percebe muito bem o que Israel pretenderá a médio e longo prazo.
Será que querem ocupar de novo os territórios, ou é mais fácil aniquilar o povo totalmente e assim acabar de vez com o problema? Por ironia, Hitler pensou o mesmo dos Judeus na 2ª Grande Guerra.
Mesmo que Israel deponha o grupo Hamas, nunca se poderá imiscuir das suas responsabilidades morais na reconstrução e na ajuda económica à Palestina, é que dizimando ou não o Hamas, outras mãos irão erguer a bandeira da injustiça social, da fome, da pobreza, da imoralidade, da humilhação e da miséria.
O dinheiro que é gasto nesta operação militar, poderia ajudar e muito o povo da palestina , conquistando a sua simpatia com inteligência e não com brutalidade, porque essa tem sido sistémica e pouco eficaz, assim o demonstra a história...
PUBLICAÇÃO : O GADANHA
Em boa verdade, tanto Israelitas como Palestinianos, nutrem um ódio e uma desconfiança visceral entre si.
Talvez os mais incompreendidos pelo mundo ocidental tenham sido desde sempre os Palestinianos.
É importante perceber a origem destes conflitos, que ultrapassa em muito o mero fundamentalismo religioso com que muitos os pretendem conotar.
Aliás transcende em larga escala este motivo, de tal forma que a coexistência pacífica entre muçulmanos e Judeus é uma realidade dentro das fronteiras de Israel.
O problema é bem mais complexo e que se perde nos anais da história, mas que foi potenciado num momento histórico mais recente, quando as Nações Unidas determinaram a divisão da Palestina entre um estado Judeu e um estado Árabe.
Os árabes nunca viram com bons olhos esta partilha, ao que se seguiram vários conflitos com Israel.
Destes conflitos resultou uma inegável supremacia Israelita, sempre apoiada pelo seu poderoso aliado - os Estados Unidos; resultou igualmente uma expansão territorial Israelita muito para além das fronteiras definidas pela ONU.
Os Palestinianos viram-se assim despojados das suas casas, dos seus bens e mais importante, das suas terras.
Incapazes de se oporem aos intentos do seu inimigo pela via militar convencional, não tardou a que se organizassem grupos que optassem por acções de guerrilha e de terrorismo, com o objectivo de libertar a Palestina do domínio Sionista.
Apoiados essencialmente por estados Árabes, mas também como veremos adiante, pelos próprios serviços de inteligência Israelitas (Mossad).
O HAMAS, surgiu em 1987 como um desses grupos, que pretendia a desocupação por Israel dos territórios Palestinianos de Gaza e da Cisjordânia. O HAMAS foi apoiado financeiramente pela Arábia Saudita, pela Síria e também pela Mossad, sendo inclusive reconhecido oficialmente pelo estado de Israel.
O HAMAS detém grande simpatia junto do povo , já que tem sido o movimento que mais auxilio social e comunitário tem prestado à população.
Em 1989, com a primeira Intifada o HAMAS lança ataques violentos contra alvos civis e militares no território Hebraico e passa a ser olhado com desconfiança por Israel que inclui o grupo no lote dos grupos terroristas.
Perceber o que levou hoje a esta intervenção de Israel na faixa de Gaza com o objectivo de liquidar o Hamas, está muito além da auto-defesa. Israel teria já preparada toda esta missão militar muito antes de terminado o prazo de seis meses de tréguas, que tinha sido concordado entre ambas as partes em Junho de 2008 e que terminava em Dezembro.
Os foguetes artesanais que o Hamas enviava para Israel eram meramente provocatórios, embora sendo passíveis de poder criar baixas, na verdade estes foguetes eram muito rudimentares e pouco precisos, de tal forma que as centenas que foram enviados contra Israel causaram apenas uma vitima mortal e 4 feridos.
No entanto o Hamas deu o mote necessário, para que Israel avançasse com toda a brutalidade sobre a Faixa de Gaza e cometesse uma barbárie indiscriminada entre a população civil, cujo saldo já vai em mais de 600 mortos, ironicamente, entre os soldados Israelitas as maiores baixas foram cusadas por fogo aliado - 3 vitimas. De notar que os próprios Israelitas causaram mais mortos aos seus cidadãos, neste caso militares, do que as centenas de rockets que o Hamas disparou em direcção a Israel.
O que pretende o Hamas?
O Hamas venceu as eleições para o parlamento da autoridade Palestiniana com o apoio do voto popular, em eleições livres e democráticas segundo observadores internacionais. Israel temendo a segurança do estado retalia a vitória do Hamas, com um bloqueio total às fronteiras terrestres, aéreas e marítimas de Gaza, asfixiando a débil economia do território, não permitindo que entrassem em Gaza, alimentos, medicamentos, combustíveis e água, tornando dramática a situação humanitária de uma região densamente povoado com mais de 1,5 milhões de habitantes.
O que o Hamas pretendia era o levantamento deste embargo, para aliviar a situação humanitária deste povo. Se havia outros propósitos menos humanitários e mais belicitas por parte do Hamas é admissível que sim.
Os meios que usaram para o conseguir são condenáveis e nem sequer pretendo fazer aqui a defesa de um grupo de sanguinários, o que é importante é perceber que no meio disto quem sofre são sempre os inocentes.
Porque razão deu o povo Palestino uma maioria a um grupo sanguinário e terrorista?
Quando foi acordada a passagem dos territórios de Gaza e da Cisjordânia para a autoridade Palestiniana, a FATAH o partido ao qual pertencia Yasser Arafat, o líder histórico da OLP, ficou a governar os destinos daquilo que se perspectivava vir a ser o futuro estado Palestino.
A autoridade Palestiniana geria o território essencialmente com a ajuda financeira internacional, já que a sua incipiente economia não era susceptível de gerar recursos, aliás, os territórios palestinianos são economicamente inviáveis, sem a ajuda de Israel e da comunidade internacional.
A União Europeia foi em grande parte o pilar de sustentação económica e financeira daqueles territórios, com milhões de Euros em fundos e ajudas que visavam erguer as infraestruturas básicas para a criação de um estado. Israel e os Estados Unidos sempre se alhearam economicamente do problema palestino.
Os territórios Palestinos figuram como dos mais pobres do mundo e onde a situação social é dramática. Com cerca de 40% de desempregados e com um rendimento per capita pouco superior a 1,5 € diários, os Palestinos estão irremediavelmente condenados à miséria.
A esperança num futuro melhor gorou-se completamente com o partido FATAH, que mais não fez que conceder mordomias a uma pequena elite de corruptos que ignoraram por completo as necessidades mais básicas do povo e revelaram uma incompetência total para governar os territórios agora desocupados pela potência invasora.
Ora, o povo se mal estava , melhor não ficou e de barriga vazia olhava com ódio aqueles que engordavam fartamente à custa das ajudas exteriores e que não faziam chegar os bens mais básicos a quem deles necessitava.
Foi neste clima de desconfiança no governo, que nas eleições de 2006 o povo atribuiu os seus votos ao Hamas, que sempre esteve mais próximo do Povo Palestino, através da criação de uma vasta rede de assistência social e educacional.
Por aqui, talvez se perceba, que o apoio que Israel manifestou a partir de determinada altura ao partido Fatah, tenha sido contra-producente, a menos que o objectivo Israelita seja um genocídio premeditado do povo Palestino, caso contrário, dificilmente Israel conseguirá abafar a revolta deste povo com a força das armas.
Para que se perceba a desproporção da intervenção de Israel em Gaza, basta pensar que depois de terminada a ofensiva, será preciso reconstruir totalmente as infraestruturas do território e mais uma vez Israel colocar-se-á à margem da reconstrução juntamente com os Estados Unidos.
Por esta razão é especialmente importante que a Europa, sobre quem irá recaír a responsabilidade de reconstruir a faixa de Gaza, tenha uma atitude forte de condenação à intervenção actual de Israel. Os contornos desta missão e os seus objectivos a curto prazo parecem claros, só não se percebe muito bem o que Israel pretenderá a médio e longo prazo.
Será que querem ocupar de novo os territórios, ou é mais fácil aniquilar o povo totalmente e assim acabar de vez com o problema? Por ironia, Hitler pensou o mesmo dos Judeus na 2ª Grande Guerra.
Mesmo que Israel deponha o grupo Hamas, nunca se poderá imiscuir das suas responsabilidades morais na reconstrução e na ajuda económica à Palestina, é que dizimando ou não o Hamas, outras mãos irão erguer a bandeira da injustiça social, da fome, da pobreza, da imoralidade, da humilhação e da miséria.
O dinheiro que é gasto nesta operação militar, poderia ajudar e muito o povo da palestina , conquistando a sua simpatia com inteligência e não com brutalidade, porque essa tem sido sistémica e pouco eficaz, assim o demonstra a história...
PUBLICAÇÃO : O GADANHA
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