Produtividade vs Competitividade - Parte 1

terça-feira, 5 de maio de 2009


Muito se tem dito ao longo dos anos sobre competitividade e produtividade. Tantas foram as vezes que estas palavras foram usadas que tornou-se claro que existe alguma confusão de conceitos e oportunismo na utilização das mesmas. Quantas vezes já ouvimos na televisão os partidos políticos a digladiarem-se, por mais ou menos aumentos salariais, tendo por base os aumentos (ou não) de produtividade.
Muitas foram as vezes, em que o patronato invocou a impossibilidade de praticar aumentos salariais, porque se aumentasse os salários perdia competitividade; já para não falar de Manuel Pinho que afirmou perante empresários chineses que a economia portuguesa era competitiva, porque “tinha salários baixos”. Quer isto dizer que para algumas pessoas, salários baixos, ou mais baixos do que os outros países, é sinal de competitividade.
Vamos lá ver uma coisa. De facto, os salários baixos permitem que uma economia seja mais competitiva que outra (em iguais circunstâncias) com salários superiores; contudo é um erro grosseiro considerar que a única fonte de competitividade reside nos preços, que por outras palavras é o mesmo que dizer que reside nos salários. Se assim fosse, toda a indústria intensiva em mão-de-obra, como a têxtil, teria desaparecido, visto que, os chineses são imbatíveis nos preços. Como está bom de ver, essa assunção é falsa, porque, efectivamente, muita indústria têxtil desapareceu, mas aquela que inovou e passou a fabricar produtos mais avançados e dirigidos a segmentos específicos do mercado não faliu.
Assim se explica o sucesso de muitas empresas de calçado que dirigiram a sua produção para o segmento de gama alta, saindo do mercado de baixos preços (baixos salários) praticado pelos chineses. Não podemos ignorar o facto de não poder-se empregar tão elevado número de pessoas nestas actividades direccionadas a nichos de mercado, como aquelas que se empregavam ao produzir-se para mercados mais latos de baixos preços. Trata-se de uma questão de escolha: alimentar falsas esperanças ou dizer a verdade às populações.

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  © Feira das Conspirações! - Santa Maria da Feira - Portugal - Maio/2008

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