Competitividade vs Produtividade - Parte 2 (Fim)

quinta-feira, 7 de maio de 2009


Ora chegados aqui, importa desmistificar a produtividade e a competitividade como conceitos intrinsecamente ligados. Vejamos o seguinte exemplo: uma empresa têxtil com 40 trabalhadores que esteja a produzir 10000 t-shirts por semana pode ter algumas dificuldades em vende-las no mercado. Contudo se colocar o logótipo “Nike” estampado na frente das t-shirts, não demorara muito até ter de contratar mais pessoal. O que muda de uma situação para a outra é o interesse despertado no consumidor.
Pode-se aumentar a produtividade, isto é, o Valor Acrescentado Bruto (Receita líquida de despesas operacionais, à excepção de amortizações e imparidades) por trabalhador, sem aumentar a competitividade; basta que para isso, não possua um bom canal de distribuição, não possua uma boa visibilidade no mercado, existam produtos substitutos no mercado, o poder negocial dos clientes seja elevado, o poder negocial dos fornecedores seja elevado ou a ameaça de entrada de concorrentes seja elevada.
Da mesma forma, uma empresa pode tornar-se mais competitiva sem que tenha de tornar-se mais produtiva, pois poderá possuir um nível de notoriedade no mercado muito superior às suas concorrentes, o que lhe permite vender com preços mais elevados.

Puxando a sardinha à minha canastra, falarei do sector da cortiça. Já muito se disse e eu já afirmei que, se o sector corticeiro quiser enfrentar a concorrência dos vedantes de plástico, de frente, arruinar-se-á. O problema é que os consumidores estão abandonar as bebidas que, tradicionalmente, usavam vedantes de cortiça e, aquelas que usavam, começam a redireccionar-se para os vedantes de plástico, cada vez mais fiáveis e mais baratos. Numa situação destas, os corticeiros não podem forçar os consumidores a beber mais vinho e champanhe, nem podem forçar os seus trabalhadores a receber 150€ por mês, para se tornarem mais competitivos.
O que podem eles fazer? Passarem a produzir as rolhas de plástico, redireccionarem o segmento do vedante de cortiça para o consumo de luxo e mais refinado e apostar na divulgação dos benefícios para o ambiente e para a qualidade do vinho do vedante da cortiça.

Julgo que está na hora dos empresários nacionais possuírem visão de futuro e compreenderem que menores salários poderá traduzir-se em desalento nos trabalhadores, insucesso para o empresário e o colapso para o sector.

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  © Feira das Conspirações! - Santa Maria da Feira - Portugal - Maio/2008

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