Fábrica alentejana vai pôr aviões de cortiça no ar em 2010

segunda-feira, 25 de maio de 2009


Em consórcio com a Corticeira Amorim, a Dyn'aero está a dar vida a um projecto revolucionário na aeronáutica nacional avaliado em 1,27 milhões de euros.

Daqui a ano e meio, vai descolar do pequeno aeródromo de Ponte de Sôr, no Alentejo, o primeiro avião português produzido com cortiça. É na fábrica da Dyn'aero, empresa francesa que chegou a Portugal em 2001, que o aparelho está a ganhar vida.

O projecto, avaliado em 1,27 milhões de euros, conta ainda com a corticeira Amorim e com o apoio do Governo, que disponibilizou cerca de metade da verba necessária, através do Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN).

A ideia é substituir alguns materiais que são actualmente utilizados no fabrico de ultraleves da Dyn'aero, como os derivados do petróleo, por cortiça. Seja na estrutura dos aviões (asas e revestimento exterior, por exemplo), nos equipamentos de segurança (como uma caixa colocada sob o assento do piloto que amortece a aterragem) ou em pormenores mais estéticos dos painéis de bordo. Além das vantagens ecológicas, a cortiça poderá revelar-se mais económica para fabricante e clientes.

O projecto Aerocork já fazia parte dos planos da Amorim há, pelo menos, três anos. Foi, aliás, do grupo de Américo Amorim que partiu o convite à Dyn'aero, a única empresa que produz aviões, por inteiro, em Portugal. Faltava, no entanto, capital para investir. "Esteve tudo pendente, até surgir o QREN", afirmou Alexandre Pereira, engenheiro da Amorim responsável pelo projecto.
Quando receberam luz verde para avançar, chamaram mais duas entidades para fechar o consórcio: o Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros da Universidade do Minho (PIEP) e a ActiveSpace Tecnologies. Juntos formam uma cadeia que idealiza, testa e valida hipóteses que vão dar à aeronáutica nacional um motivo de orgulho. É que utilizar cortiça para produzir aviões é um projecto pioneiro, em Portugal e no mundo.

Um projecto com risco

As primeiras peças já estão à vista na fábrica da Dyn'Aero, em Ponte de Sôr, onde trabalham 60 pessoas. Porém, o primeiro voo experimental só se fará no segundo semestre do próximo ano e a comercialização dos aviões está agendada para 2011. Até lá, cabe à Amorim ceder a cortiça, ao PIEP perceber a composição química desses aglomerados e à ActiveSpace testar as suas reacções térmicas. A unidade fabril alentejana será o palco das provas finais, validando, em termos de processo de produção, a eficácia da substituição dos materiais que hoje utiliza. "Até podemos chegar ao fim e isto não dar certo. É um risco", diz Ricardo Freitas, técnico Dyn'aero responsável pelo projecto Aerocork.

Se tudo correr como planeado, cada um dos elementos do consórcio vai retirar vantagens deste investimento. A Amorim pretende certificar uma gama de produtos para aplicações aeronáuticas e, com isso, aumentar o espectro de venda de cortiça. Para o PIEP e para a AeroSpace, os benefícios são mais de conhecimento. E, para a Dyn'aero, o objectivo é aumentar o portefólio de aviões.

Do projecto Aerocork vão emergir aparelhos que podem custar entre 50 e 150 mil euros. As previsões apontam para a venda de 50 unidades por ano, maioritariamente a clientes estrangeiros oriundos de França e da Suíça. Para tal, será necessário que estes aparelhos obtenham homologação por parte do Instituto Nacional da Aviação Civil (INAC). O que abrirá provavelmente novas portas à consagração internacional dos quatro parceiros.

Fonte: PUBLICO.PT


PUBLICAÇÃO: O COMENDADOR

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