Ciclos Solares influenciam o clima na Terra

sábado, 20 de dezembro de 2008

Estudo revela que os ciclos solares podem indicar situações de cheias ou de secas

As flutuações Solares podem ajudar a prever eventos climáticos extremos na Terra com décadas de antecedência, sugerem novas pesquisas.

Os ciclos solares são fases de 11 anos durante as quais a actividade do Sol se enfraquece e intensifica, acompanhados de um aumento de manchas solares em sua superfície.

Os ciclos, que são determinados pela turbulência magnética do Sol, podem influenciar sistemas meteorológicos da Terra, particularmente a Oscilação Sul do El Niño, um sistema climático periódico associado a enchentes e secas ocorridas principalmente no hemisfério sul.

"O Sol é o motor do nosso clima", disse o autor-líder do estudo Robert Baker, da Universidade da Nova Inglaterra, Austrália. "É como uma corda em vibração - as vibrações passadas podem ser usadas para prever as vibrações futuras." Essas vibrações são o "enrolar e desenrolar" dos campos magnéticos que fazem com que os pólos solares troquem de posição no começo de cada ciclo.

Similaridades climáticas e solares

Ciclos magnéticos mais longos, de 90 a 400 anos, também podem ser encontrados em registos astronómicos. O Indicador de Oscilação Sul, que mede o Sistema de Oscilação Sul do El Niño, parece corresponder ao ciclo solar de 90 anos, Baker descobriu.

Por exemplo, a actual leitura do índice acompanha intimamente a tendência observada nos anos 1920. Períodos de maiores distúrbios solares estão associados a períodos chuvosos, enquanto a calmaria solar tem relação com as épocas de seca na Austrália, disse Baker.

Enchentes do futuro?

Dados dos anos 1940, junto a cálculos de astrofísicos sobre ciclos solares futuros, poderiam prever secas e enchentes até 2030, Baker afirmou. "Podemos investigar o futuro com base no passado para fazer previsões dos próximos 10 a 20 anos."

O El Niño e La Niña, que criam efeitos climáticos opostos, também afectam a América do Norte. Isso significa que é possível realizar uma previsão de longo alcance da disponibilidade de água no México e no oeste dos Estados Unidos, onde as secas são severas, afirmou Baker.

O modo como os ciclos solares influenciam os sistemas meteorológicos da Terra não é bem compreendido, mas Baker especula que a radiação cósmica pode ser um factor. Por exemplo, a pesquisa de Baker mostra que períodos de alta radiação cósmica coincidem com La Niñas particularmente longas.

"Essa (área de pesquisa) é algo que justifica uma investigação mais profunda," ele disse. Se o índice actual continuar a mimetizar o ciclo dos anos 1920, então 2009 deverá ser outro ano frio em comparação aos anos 1990.

No entanto, pode ser difícil prever os próximos anos, ele acrescentou. Isso porque o Sol já descumpriu seu ciclo típico de 11 anos: uma nova rodada deveria ter começado em 2007, mas isso aconteceu apenas recentemente. Tendências de períodos mais longos podem também influenciar o tempo do novo ciclo, disse Baker. O longo ciclo magnético de 400 anos, por exemplo, deverá terminar em 2020.

Questionável

No entanto, outros cientistas têm dúvidas sobre a consistência da pesquisa e seu valor na previsão de eventos climáticos.

Stuart Larsen, ecologista climático da Universidade Monash, de Melbourne, Austrália, acredita que os ciclos solares possam "ter um papel no controle da variação climática." Mas ele questiona o trabalho de Baker, chamando-o de "estatisticamente falhado."

"Não foi demonstrada nenhuma relação causal entre as ocorrências do El Niño e a variabilidade solar, e acredito ser muito improvável que exista qualquer relação directa," disse Larsen, que não esteve envolvido na pesquisa. Julie Arblaster é climatologista da Agência de Meteorologia de Melbourne.

"Embora possa haver alguma influência dos ciclos solares e magnéticos sobre o Índice de Oscilação Sul e as chuvas australianas, a magnitude do sinal é muito pequena," disse Arblaster.

Fonte : National Geographic

PUBLICAÇÃO : O COMENDADOR


1 comentários:

Anónimo disse...

o estudo de todos os fatores terrestres e espaciais que interferem no clima do nosso planeta é indispensável para o conhecimento da nossa realidade e da dinâmica do clima. Apenas achei pouco informativo o artigo.

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