O regresso dos "ismos"
domingo, 8 de fevereiro de 2009
Uma vez li num livro a seguinte frase: “A história repete-se”. Nessa altura não entendia o significado daquela afirmação, mas com o passar dos anos foi-me apercebendo que não se tratava de uma ironia ou metáfora, mas sim de uma constatação.
Já, na publicação sobre o Islamismo e Policarpo, referi que o ser humano tinha tendência a assumir que aquilo que se passou no passado, não se voltará a repetir, sobretudo se for algo nefasto.
Tantas são as vezes que tal acontece que por vezes estamos diante a catástrofe, mas ignoramos.
Pensávamos que após o holocausto, jamais existiriam tendências para o anti-semitismo (ao nível estadual); pensávamos que após a exploração e escravização que se verificaram na colonização, jamais estes fenómenos poderiam repetir-se; pensamos que estamos imunes a pragas ou epidemias, só porque a ciência observou uma inovação extraordinária; pensamos que os tempos do nacional-socialismo tinham terminado…
Vivemos num mundo que nos embriaga com televisão, futebol, cinema, enfim, entretenimento. E porquê? Enquanto estamos entretidos, não nos preocupamos com aquilo que nos rodeia.
O ódio que Judeus e Muçulmanos nutrem uns pelos outros é algo muito próximo de anti-semitismo; o trabalho infantil e a exploração dos imigrantes são uma forma de exploração; vivemos sob a ameaça de uma pandemia mundial provocada pela estirpe H5N1 e, os cientistas afirmam que as bactérias e vírus estão a tornar-se resistentes aos fármacos produzidos, contudo nem nos damos conta que estamos à beira de um precipício; julgamos que as suásticas, os braços içados em direcção ao céu como uma flecha, o ódio ao emigrante e xenofobismo tinham terminado, mas o que é isto que começa a surgir na Inglaterra, Suíça e Islândia, se não um nacional-socialismo?
Gostava de expressar a minha opinião sobre este, recente, assunto que envolve a imigração. Parece-me evidente que, mais uma vez, o sistema político-económico vigente (o capitalismo) é incapaz de apresentar propostas convincentes, sobretudo no domínio social. Alias, só podia ser assim, pois o tão famigerado mercado auto-regulável para funcionar numa situação de crise, necessita de rédeas longas; começaríamos por um aumento dos despedimentos, o que provocaria uma redução dos custos de produção e por sua vez, baixaria os preços estimulando o consumo.
Por sua vez como a oferta de trabalho no mercado seria superior, a pressão sobre os salários seria menor, pelo que o incentivo à contratação seria maior; aqui temos uma parte do mercado auto-regulável: sem intervenção, provocaria uma queda de salários, preços e mais desemprego, numa 1ª fase, até que numa fase posterior, teríamos redução de preços, aumento do consumo e mais emprego. O problema neste tipo de análise prende-se com o simples facto de estarmos a lidar com pessoas e não objectos, logo não nos podemos esquecer que a passagem da 1ª para a 2ª fase seria socialmente penosa. Este é o problema do capitalismo: a insensibilidade!
Em momentos de crise profunda, a contestação ao sistema é evidente. Mas, porquê é que este sistema é tão débil em momentos de crise? Porque razão o estado (sempre tão criticado) tem que vir em auxílio de tudo e todos?
O sistema capitalista foi uma designação atribuída pelos Marxistas a um sistema que se designa, verdadeiramente, por Individualismo Económico. O termo capital foi usado de forma pejorativa, para criticar a importância que o dinheiro ganhava na sociedade e a ganância que provocava nos seus detentores, pois capital permitia realizar mais capital através da exploração do único factor criador de riqueza… o trabalho humano.
Neste sistema individualista, investe-se em função do benefício próprio e não em função do benefício geral, por isso o indivíduo só investe se tiver retorno desse investimento. Esse retorno é o lucro, que terá de ser superior à taxa de juro, caso contrário o capitalista preferiria ganhar dinheiro sem correr risco. Mas como é que ele obtém esse lucro? Produzindo através de uma força de trabalho que não é totalmente ressarcida do seu trabalho, o que permitirá vender com um preço superior ao custo de produção.
Este sistema funciona bastante bem, em períodos de prosperidade, porque ambas as partes conseguem retirar proveito da divisão do trabalho existente, e acréscimo de produção daí resultante, conseguindo obter os trabalhadores bens essenciais a preços que doutra forma seria impossíveis de obter. O problema surge em momentos de crise. Se por algum motivo, a procura abranda fortemente e as empresas deixam de vender, os capitalistas que acumularam durante anos, não estão dispostos a abdicar daquilo que ganharam, dispensando a “galinha dos ovos de ouro”, isto é, os seus trabalhadores. Daí que tenha de entrar o estado, ao estilo Keynesiano, estimulando a procura para recomeçar o ciclo de mais produção, lucro, logo necessidade de contratação.
Chegados a este ponto, percebemos o comportamento típico dos donos do capital. E qual é o comportamento dos trabalhadores? Será que em momentos de prosperidade comportam-se da mesma forma que em momentos e crise?
Em momentos de prosperidade, como são amplamente solicitados, esquecem-se que na realidade continuam a ser explorados, porventura sentem-se mais úteis ou indispensáveis. Em momentos de crise, como deixam de ser úteis, são colocados no “Exército Industrial de Reserva” (Karl Marx); nestas fases iniciam-se lutas entre a classe operária e a classe patronal, no sentido daquela recuperar parte dos benefícios que ajudou esta a obter, nem que seja através da manutenção do posto de trabalho. Mas, e agora vou chegar onde pretendo, em épocas de crise profunda, as classes operárias apercebem-se que não bastam reivindicações contra a classe patronal; iniciam uma luta contra os seus próprios colegas!
A mega-recessão de 1929 deixou indicações precisas, de como funciona a sociedade em situações de “vida ou morte”… primeiro eu e depois os outros, primeiro o meu povo e depois os outros, primeiro os da minha raça e depois os outros, primeiro os da minha família e depois os outros. O rastilho para o ódio àquele que é diferente acende-se, assim que se percebe que não haverá lugar para todos; é o instinto da sobrevivência! Assim surgiu o Salazarismo, o Franquismo, o Fascismo italiano com Mussolini e o Nazismo, isto é, surgiu o Nacional-Socialismo.
Em Fevereiro de 2009 passa-se algo que me faz pensar que os “ismos” podem estar de volta, pois frases do tipo, “Porque não voltam para o vosso país?”, “Empregos primeiro para os Britânicos!” e “Não deixaremos que os abutres entrem no nosso país”, são evidência do que nos espera: os tempos de prosperidade terminaram e o caminho para o proteccionismo abriu-se novamente.
Já, na publicação sobre o Islamismo e Policarpo, referi que o ser humano tinha tendência a assumir que aquilo que se passou no passado, não se voltará a repetir, sobretudo se for algo nefasto.
Tantas são as vezes que tal acontece que por vezes estamos diante a catástrofe, mas ignoramos.
Pensávamos que após o holocausto, jamais existiriam tendências para o anti-semitismo (ao nível estadual); pensávamos que após a exploração e escravização que se verificaram na colonização, jamais estes fenómenos poderiam repetir-se; pensamos que estamos imunes a pragas ou epidemias, só porque a ciência observou uma inovação extraordinária; pensamos que os tempos do nacional-socialismo tinham terminado…
Vivemos num mundo que nos embriaga com televisão, futebol, cinema, enfim, entretenimento. E porquê? Enquanto estamos entretidos, não nos preocupamos com aquilo que nos rodeia.
O ódio que Judeus e Muçulmanos nutrem uns pelos outros é algo muito próximo de anti-semitismo; o trabalho infantil e a exploração dos imigrantes são uma forma de exploração; vivemos sob a ameaça de uma pandemia mundial provocada pela estirpe H5N1 e, os cientistas afirmam que as bactérias e vírus estão a tornar-se resistentes aos fármacos produzidos, contudo nem nos damos conta que estamos à beira de um precipício; julgamos que as suásticas, os braços içados em direcção ao céu como uma flecha, o ódio ao emigrante e xenofobismo tinham terminado, mas o que é isto que começa a surgir na Inglaterra, Suíça e Islândia, se não um nacional-socialismo?
Gostava de expressar a minha opinião sobre este, recente, assunto que envolve a imigração. Parece-me evidente que, mais uma vez, o sistema político-económico vigente (o capitalismo) é incapaz de apresentar propostas convincentes, sobretudo no domínio social. Alias, só podia ser assim, pois o tão famigerado mercado auto-regulável para funcionar numa situação de crise, necessita de rédeas longas; começaríamos por um aumento dos despedimentos, o que provocaria uma redução dos custos de produção e por sua vez, baixaria os preços estimulando o consumo.
Por sua vez como a oferta de trabalho no mercado seria superior, a pressão sobre os salários seria menor, pelo que o incentivo à contratação seria maior; aqui temos uma parte do mercado auto-regulável: sem intervenção, provocaria uma queda de salários, preços e mais desemprego, numa 1ª fase, até que numa fase posterior, teríamos redução de preços, aumento do consumo e mais emprego. O problema neste tipo de análise prende-se com o simples facto de estarmos a lidar com pessoas e não objectos, logo não nos podemos esquecer que a passagem da 1ª para a 2ª fase seria socialmente penosa. Este é o problema do capitalismo: a insensibilidade!
Em momentos de crise profunda, a contestação ao sistema é evidente. Mas, porquê é que este sistema é tão débil em momentos de crise? Porque razão o estado (sempre tão criticado) tem que vir em auxílio de tudo e todos?
O sistema capitalista foi uma designação atribuída pelos Marxistas a um sistema que se designa, verdadeiramente, por Individualismo Económico. O termo capital foi usado de forma pejorativa, para criticar a importância que o dinheiro ganhava na sociedade e a ganância que provocava nos seus detentores, pois capital permitia realizar mais capital através da exploração do único factor criador de riqueza… o trabalho humano.
Neste sistema individualista, investe-se em função do benefício próprio e não em função do benefício geral, por isso o indivíduo só investe se tiver retorno desse investimento. Esse retorno é o lucro, que terá de ser superior à taxa de juro, caso contrário o capitalista preferiria ganhar dinheiro sem correr risco. Mas como é que ele obtém esse lucro? Produzindo através de uma força de trabalho que não é totalmente ressarcida do seu trabalho, o que permitirá vender com um preço superior ao custo de produção.
Este sistema funciona bastante bem, em períodos de prosperidade, porque ambas as partes conseguem retirar proveito da divisão do trabalho existente, e acréscimo de produção daí resultante, conseguindo obter os trabalhadores bens essenciais a preços que doutra forma seria impossíveis de obter. O problema surge em momentos de crise. Se por algum motivo, a procura abranda fortemente e as empresas deixam de vender, os capitalistas que acumularam durante anos, não estão dispostos a abdicar daquilo que ganharam, dispensando a “galinha dos ovos de ouro”, isto é, os seus trabalhadores. Daí que tenha de entrar o estado, ao estilo Keynesiano, estimulando a procura para recomeçar o ciclo de mais produção, lucro, logo necessidade de contratação.
Chegados a este ponto, percebemos o comportamento típico dos donos do capital. E qual é o comportamento dos trabalhadores? Será que em momentos de prosperidade comportam-se da mesma forma que em momentos e crise?
Em momentos de prosperidade, como são amplamente solicitados, esquecem-se que na realidade continuam a ser explorados, porventura sentem-se mais úteis ou indispensáveis. Em momentos de crise, como deixam de ser úteis, são colocados no “Exército Industrial de Reserva” (Karl Marx); nestas fases iniciam-se lutas entre a classe operária e a classe patronal, no sentido daquela recuperar parte dos benefícios que ajudou esta a obter, nem que seja através da manutenção do posto de trabalho. Mas, e agora vou chegar onde pretendo, em épocas de crise profunda, as classes operárias apercebem-se que não bastam reivindicações contra a classe patronal; iniciam uma luta contra os seus próprios colegas!
A mega-recessão de 1929 deixou indicações precisas, de como funciona a sociedade em situações de “vida ou morte”… primeiro eu e depois os outros, primeiro o meu povo e depois os outros, primeiro os da minha raça e depois os outros, primeiro os da minha família e depois os outros. O rastilho para o ódio àquele que é diferente acende-se, assim que se percebe que não haverá lugar para todos; é o instinto da sobrevivência! Assim surgiu o Salazarismo, o Franquismo, o Fascismo italiano com Mussolini e o Nazismo, isto é, surgiu o Nacional-Socialismo.
Em Fevereiro de 2009 passa-se algo que me faz pensar que os “ismos” podem estar de volta, pois frases do tipo, “Porque não voltam para o vosso país?”, “Empregos primeiro para os Britânicos!” e “Não deixaremos que os abutres entrem no nosso país”, são evidência do que nos espera: os tempos de prosperidade terminaram e o caminho para o proteccionismo abriu-se novamente.
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