Galileu Galilei e a hipocrisia da sua redenção pela fé

domingo, 15 de fevereiro de 2009

No dia do seu 445º aniversário, Galileu Galilei foi homenageado com uma missa solene realizada no Vaticano.

Galileu Galilei , astrónomo e matemático, fundamentou e sustentou os seus estudos, na observação directa dos astros através de uma luneta que ele próprio fabricara.

Depois de ter publicado algumas obras com as conclusões dos seus estudos, foi condenado à prisão em 1633 pelo tribunal da Inquisição, simplesmente por ser contrário à teoria do geocentrismo, que à época era defendido pela Igreja Católica que se apoiava nas escrituras bíblicas.

Galileu defensor da tese heliocêntrica do universo, segundo a qual a Terra gira em torno do Sol, foi obrigado a renunciar às suas teorias perante os inquiridores e a Igreja, tendo as suas obras sido proibidas, caso não o tivesse feito corria o risco de ir parar à fogueira acusado de heresia, tal como aconteceu ao astrónomo Giordano Bruno, que foi queimado vivo em 1600, por defender ideias semelhantes.

Em 1992, por altura do 335º aniversário da sua morte, o papa João Paulo II reabilitou formalmente o astrónomo, por aquilo que então apelidou de "erro de julgamento".

Temos assim a Igreja Católica a dar a mão à palmatória 445 anos depois, numa atitude de pura hipocrisia, no ano em que se assinala o Ano Internacional da Astronomia.

Esta redenção de Galileu, não é mais que uma tentiva ridícula de a própria Igreja se redimir dos seus pecados ancestrais, pecados esses que têm sido agudizados pela demência mental do actual papa Bento XVI, que tem acentuado de sobremaneira o conservadorismo fanático e fundamentalista do catecismo católico, fazendo-o espalhar pela Igreja como se de uma missão militar se tratasse.

Basta ver as recentes posições do Vaticano, no caso da jovem Italiana Eluana, onde a dignidade humana parece estar em segundo plano para os pregadores da fé de Cristo. O que dizer das posições rerógradas e inconcebíveis face aos anticoncepcionais, quando são as próprias agências de investimento financeiro do Vaticano a deter parte do capital dos laboratórios farmacêuticos que desenvolvem as pílulas anti-conceptivas. A reabilitação recente de alguns bispos da facção do ultra-conservador Mosenhor Lefévre, entre os quais o bispo Williamson que nega a existência do Holocausto e é de um anti-semitismo primário. A não aceitação da igualdade de direitos e a discriminação dos homossexuais na sociedade. Ainda recentemente o Vaticano anulou um casamento católico, pelo facto de uma mulher ter confessado que o marido usava preservativo nas relações sexuais para se proteger de uma possível gravidez, já que ele padecia de uma doença grave.

Enfim, seria fastidioso estar aqui a enumerar todas as incongruências escabrosas, das doutrinas que emanam do Vaticano.

Como se o Galileu alguma vez se tivesse preocupado pela a sua excomunhão da Igreja ou posteriormente com a sua reabilitação, o que ele receava era fundamentalmente pela sua própria vida.

Curioso ou talvez não, é o facto de a Igreja Católica acusar esta necessidade de se submeter ao perdão da história em 2009.

Este ano para além de Galileu, que confrontou a Igreja com a desfaçatez das suas doutrinas baseadas no geocentrismo, também se comemora os 200 anos da morte de Darwin, também ele peregrino nesta cruzada contra as trevas do conhecimento, quando através do tratado sobre a evolução das espécies colocou em causa a teoria criacionista (Deus criador de todas as coisas), um dos pilares basilares de todas as fés e de todas as religiões.

Com o avanço incontornável do conhecimento científico e da massificação da informação veiculada, existe a necessidade real da Igreja tentar uma conjugação da fé obscurantista com a ciência, como forma abnegada de garantir o seu poder e a sua própria sobrevivência.

PUBLICAÇÃO : O GADANHA

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