Corticeira Amorim prepara despedimento de 193 trabalhadores
terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
A corticeira Amorim anunciou à CMVM a intenção de dispensar 193 trabalhadores dos seus quadros.
Os trabalhadores a dispensar serão repartidos pela Amorim&Irmãos (75) de Santa Maria de Lamas, e pela Amorim Composites (118) de Mozelos.
O sector corticeiro vive tempos difíceis, isso parece inegável, que a situação já se arrasta pelo menos desde 2004 parece incontestável, que existem empresas em situação económica dramática parece evidente.
A redução de procura de vedantes de cortiça natural (rolhas naturais) e de materiais de cortiça compósitos para a construção civil é demonstrável e inquestionável.
O que já não se afigura tão claro é aquilo que pretende fazer a corticeira Amorim e a névoa que paira sobre este anúncio ainda se adensa mais se analisar-mos à letra a justificação da empresa para reduzir os seus quadros de pessoal e atirar com quase duzentos trabalhadores para o desemprego.
Analisando o teor do comunicado da administração pode constatar-se, que no caso da Amorim&Irmãos a justificação para despedir 75 trabalhadores é baseada numa empírica evidência:
«A redução na produção da unidade de rolhas é justificada pela Corticeira Amorim com as consequências que a actual crise global vão "certamente evidenciar" no consumo nos principais mercados-alvo do sector vinícola, para além da perda de quota do mercado de rolha de cortiça.»
É sabido que uma grande quota da comercialização de rolhas do Grupo Amorim, não resulta directamente de produção interna, mas sim da compra de rolhas a terceiros, nomeadamente micro e pequenas empresas do sector, servindo o grupo de intermediário na comercialização do produto nos mercados externos.
Mas se verificarmos os pressupostos que estão por detrás do despedimento dos 118 trabalhadores da unidade fabril de Mozelos, a conclusão é a mesma:
«Quanto ao sector de aglomerados compósitos, a empresa refere um "provável" impacto negativo nas vendas dos seus produtos, que incluem componentes para a indústria automóvel e para a construção, "sectores cujas dificuldades são amplamente conhecidas".»
Em 2007 foi também celebrado um contrato programa de investimento com o estado Português no valor de 8 milhões de euros, prevendo-se a criação de 17 postos de trabalho e sua manutenção, bem como a manutenção de 390 já existentes.
Isto pode ser comprovado aqui.
Por aqui se demonstra que o Grupo Amorim não tem moralidade nem legitimidade, para agora ao sabor da onda da crise internacional se desfazer dos compromissos com o estado português e com os trabalhadores, argumentando "probabilidades" e "certas evidências" que mais não são do que um perspectiva de retiro da sua responsabilidade social e um aguçar da sua gula.
O estado Português através do governo tem também aqui uma responsabilidade à qual não pode fugir.
Numa altura em que o desemprego constitui o maior drama social da região, onde aos desempregados não se perspectiva saídas de emprego no actual contexto económico do sector, o estado tem a obrigação moral e social de exigir ao Grupo Amorim a salvaguarda dos postos de trabalho.
Saliente-se ainda que em 2007 os lucros da actividade do grupo registaram valores positivos, tendo crescido de 20,1 milhões para 23,2 milhões de euros relativamente ao ano anterior.
Acresce a tudo isto, que uma boa parte da crise que afecta muitas pequenas e médias empresas do sector corticeiro se deve em boa medida, às práticas pouco leais que o Grupo Amorim realiza em matéria de concorrência, prova disso foi a recente participação que efectuaram no capital de uma empresa Americana que se dedica à comercialização de pavimentos em cortiça, com o objectivo de ganhar uma posição no mercado e quebrar com as encomendas a uma outra empresa de aglomerados Portuguesa, o que inevitavelmente redundará na agonia desta última.
Esta operação envolveu milhões de euros e possivelmente a falência da empresa Portuguesa com mais algumas dezenas de trabalhadores para o desemprego.
Mais problemático ainda, será o efeito de arrastamento que sofrerão algumas pequenas e médias empresas que dependem directamente do Grupo Amorim, e aqui dá-se o perigo do efeito dominó, poder provocar o colapso total do sector.
O que o grupo Amorim pretende com esta atitude de dispensar quase 200 trabalhadores, tem somente que ver com a manutenção de um determinado nível de lucro, que dada a situação actual de efectiva redução de procura de produtos em cortiça não seria possível sem a redução de pessoal.
Onde é que está a sensibilidade social das empresas, perante quem tanto contribuiu para o engrossar dos lucros ao longo dos anos e que agora são descartáveis porque a situação conjuntural não permite a manutenção de lucros elevados?
Isto revela a matéria de que é feita a administração deste grupo económico, tem os mesmos genes daquele que à custa do suor alheio e das benesses estatais se tornou no mais rico de Portugal.
PUBLICAÇÃO : O GADANHA
Os trabalhadores a dispensar serão repartidos pela Amorim&Irmãos (75) de Santa Maria de Lamas, e pela Amorim Composites (118) de Mozelos.
O sector corticeiro vive tempos difíceis, isso parece inegável, que a situação já se arrasta pelo menos desde 2004 parece incontestável, que existem empresas em situação económica dramática parece evidente.
A redução de procura de vedantes de cortiça natural (rolhas naturais) e de materiais de cortiça compósitos para a construção civil é demonstrável e inquestionável.
O que já não se afigura tão claro é aquilo que pretende fazer a corticeira Amorim e a névoa que paira sobre este anúncio ainda se adensa mais se analisar-mos à letra a justificação da empresa para reduzir os seus quadros de pessoal e atirar com quase duzentos trabalhadores para o desemprego.
Analisando o teor do comunicado da administração pode constatar-se, que no caso da Amorim&Irmãos a justificação para despedir 75 trabalhadores é baseada numa empírica evidência:
«A redução na produção da unidade de rolhas é justificada pela Corticeira Amorim com as consequências que a actual crise global vão "certamente evidenciar" no consumo nos principais mercados-alvo do sector vinícola, para além da perda de quota do mercado de rolha de cortiça.»
É sabido que uma grande quota da comercialização de rolhas do Grupo Amorim, não resulta directamente de produção interna, mas sim da compra de rolhas a terceiros, nomeadamente micro e pequenas empresas do sector, servindo o grupo de intermediário na comercialização do produto nos mercados externos.
Importa aqui recuar dois anos no tempo, em 2007 a empresa Amorim&Irmãos fez um contrato programa de investimento com estado Português num valor que ascendeu a 17,7 milhões de euros, prevendo-se a criação de 30 postos de trabalho e a manutenção dos actuais 1293.
Mas se verificarmos os pressupostos que estão por detrás do despedimento dos 118 trabalhadores da unidade fabril de Mozelos, a conclusão é a mesma:
«Quanto ao sector de aglomerados compósitos, a empresa refere um "provável" impacto negativo nas vendas dos seus produtos, que incluem componentes para a indústria automóvel e para a construção, "sectores cujas dificuldades são amplamente conhecidas".»
Em 2007 foi também celebrado um contrato programa de investimento com o estado Português no valor de 8 milhões de euros, prevendo-se a criação de 17 postos de trabalho e sua manutenção, bem como a manutenção de 390 já existentes.
Isto pode ser comprovado aqui.
Por aqui se demonstra que o Grupo Amorim não tem moralidade nem legitimidade, para agora ao sabor da onda da crise internacional se desfazer dos compromissos com o estado português e com os trabalhadores, argumentando "probabilidades" e "certas evidências" que mais não são do que um perspectiva de retiro da sua responsabilidade social e um aguçar da sua gula.
O estado Português através do governo tem também aqui uma responsabilidade à qual não pode fugir.
Numa altura em que o desemprego constitui o maior drama social da região, onde aos desempregados não se perspectiva saídas de emprego no actual contexto económico do sector, o estado tem a obrigação moral e social de exigir ao Grupo Amorim a salvaguarda dos postos de trabalho.
Saliente-se ainda que em 2007 os lucros da actividade do grupo registaram valores positivos, tendo crescido de 20,1 milhões para 23,2 milhões de euros relativamente ao ano anterior.
Acresce a tudo isto, que uma boa parte da crise que afecta muitas pequenas e médias empresas do sector corticeiro se deve em boa medida, às práticas pouco leais que o Grupo Amorim realiza em matéria de concorrência, prova disso foi a recente participação que efectuaram no capital de uma empresa Americana que se dedica à comercialização de pavimentos em cortiça, com o objectivo de ganhar uma posição no mercado e quebrar com as encomendas a uma outra empresa de aglomerados Portuguesa, o que inevitavelmente redundará na agonia desta última.
Esta operação envolveu milhões de euros e possivelmente a falência da empresa Portuguesa com mais algumas dezenas de trabalhadores para o desemprego.
Mais problemático ainda, será o efeito de arrastamento que sofrerão algumas pequenas e médias empresas que dependem directamente do Grupo Amorim, e aqui dá-se o perigo do efeito dominó, poder provocar o colapso total do sector.
O que o grupo Amorim pretende com esta atitude de dispensar quase 200 trabalhadores, tem somente que ver com a manutenção de um determinado nível de lucro, que dada a situação actual de efectiva redução de procura de produtos em cortiça não seria possível sem a redução de pessoal.
Onde é que está a sensibilidade social das empresas, perante quem tanto contribuiu para o engrossar dos lucros ao longo dos anos e que agora são descartáveis porque a situação conjuntural não permite a manutenção de lucros elevados?
Isto revela a matéria de que é feita a administração deste grupo económico, tem os mesmos genes daquele que à custa do suor alheio e das benesses estatais se tornou no mais rico de Portugal.
PUBLICAÇÃO : O GADANHA
1 comentários:
quem escreve assim...
parabêns
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