Islândia - Como enfrentar a falência de um estado?
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
Islândia volta a falhar pagamento ao estrangeiro
A Islândia falhou, pela segunda vez em menos de uma semana, o cumprimento de compromissos com a banca internacional. Os islandeses colocam agora todas as esperanças num possível empréstimo do FMI.
O Estado Islandês, à beira da falência, ignorou o pagamento de 4,4 milhões de dólares de juros por um empréstimo ao Japão contraído em 2006.
Para evitar a bancarrota, a Islândia está a negociar um empréstimo de emergência de 6 mil milhões de dólares com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e bancos centrais do Japão e de países nórdicos.
Se o FMI decidir emprestar dinheiro ao país, apesar das negociações não seguirem um caminho fácil, será a primeira operação do género desde 1976.
Entretanto, a situação na Islândia, um dos países mais ricos do mundo, continua a ser cada vez menos animadora, com a coroa a perder praticamente o seu valor e radicando as poupanças bancárias dos islandeses, com a ameaça latente de desemprego em massa.
Também as falências pessoais provocadas por empréstimos à habitação em dívidas estrangeiras são agora impossíveis de pagar de volta.
Perante esta situação, milhares de islandeses receiam que o FMI negue o empréstimo e coloque o país em maiores dificuldades, provocadas pelas aventuras de uma pequena elite político-financeira, que, com a conivência das autoridades, criou um sistema bancário dez vezes maior que a economia nacional, mas que tratou de pôr a salvo as respectivas fortunas pessoais antes da ruína ter atingido o país.
Entretanto, depois da crise financeira em que mergulhou a Islândia, com os investimentos particulares a desvalorizarem cada vez mais, os islandeses começaram a recorrer a produtos de luxo, como ouro, diamantes, obras de arte ou relógios de alta gama.
O medo de um colapso da coroa, que já perdeu 75 por cento do valor face ao euro devido à crise financeira, está a levar os islandeses a tirarem o dinheiro do banco e a investirem as poupanças em produtos seguros, imunes a uma eventual hiperinflação ou à substituição da moeda em circulação no país.
No entanto, para muitos já é tarde de mais, tendo em conta que, no tempo das “vacas gordas”, abundavam as ofertas bancárias de empréstimos baratos em dívidas estrangeiras, o que levou milhares de islandeses, sobretudo jovens, a caírem na ruína.
Muitos islandeses vêm-se agora enterrados em dívidas insuportáveis, dado que, com a queda da coroa, as prestações e empréstimos em dólares ou euros triplicaram ou quadruplicaram de valor.
Os sociólogos islandeses fizeram, no entanto, saber que a crise também tem efeitos positivos, como o facto das relações familiares e da ajuda entre vizinhos e amigos saírem sempre reforçadas de crises profundas.
E tudo isto acontece no mesmo país, que a ONU considerou em 2008 como o mais rico do mundo.
PUBLICAÇÃO : O COMENDADOR
0 comentários:
Enviar um comentário