Exortação da fé em tempos de crise

segunda-feira, 27 de outubro de 2008


A crise financeira vai povoando todos os sectores da vida Portuguesa e já nem os comerciantes da fé escapam.

Há dias li num jornal que desde que a crise se instalou, os ofertórios de esmolas nas missas caíram a pique, em Fátima, por altura da última peregrinação à Cova da Iria, os empresários da restauração e hotelaria lamentavam-se das quebras no negócio, até mesmo no Santuário os crentes ficaram aquém das expectativas.

Apesar disto, nunca como em tempos de crise, as Igrejas se desdobram em exortar a fé como solução para os problemas económicos. Tudo pode entrar em colapso menos a fé.

Vem isto a propósito da recente inauguração da Igreja de São João de Vêr, templo-mor para a expansão dos desígnios divinos.

A nova Igreja de São João de Vêr, velha aspiração da paróquia com quase 100 anos terá custado perto de 1,1 milhões de euros e terá capacidade para 600 fiéis.

Graças à grande generosidade da população e aos peditórios que se efectuaram pela freguesia, foi possível juntar 461 mil euros, soma extraordinária para os tempos que correm!

A autarquia feirense apesar da laicidade do estado Português, contribuiu com perto de 200 mil euros, para arranjos exteriores.

O restante dinheiro terá resultado da venda de património imobiliário da paróquia, que segundo consta é muito vasto e valioso.

Tendo um património imobiliário tão rico e valioso e vivendo as famílias em permanente angústia financeira, faz-me confusão que se apele à cegueira emocional dos crentes com o objectivo claro de realizar dinheiro, quando a comissão responsável pelo património, podia muito bem ter decidido alargar a venda de terrenos, a uma área muito maior, na exacta medida das necessidades e das obras.

Temos assim a receita combinada, para estimular os paroquianos devotos à crendice.

O Pároco António Pinto da Costa tem sido em São João de Vêr, tal como em Santa Maria de Lamas, onde acumula o mesmo cargo de pastor da Igreja, um dos mais abnegados propulsores de uma nova relação entre os fiéis devotos e a autoridade eclesiástica, não se imiscuindo de entrar em domínios que ultrapassam a mera pregação da fé cristã.

As comunidades religiosas das paróquias por si lideradas, reflectem já esta nova postura da Igreja Católica perante a necessidade de evangelizar e manter viva a difusão das mensagens da fé .

As novas técnicas de Marketing empresarial agressivo, são habilmente assimiladas e colocadas ao serviço dos instintos absolutistas de alguns homens, mas em nome de Deus.

A esta nova tendência evangélica também não escapa o poder politico local, que sem diferenciar entre crentes e pagãos, também se vai prostrando ao Cristo Redentor, de forma a garantir a protecção divina para os ciclos que se avizinham.


PUBLICAÇÃO : O GADANHA

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  © Feira das Conspirações! - Santa Maria da Feira - Portugal - Maio/2008

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