Acidente na Linha do Vouga

terça-feira, 16 de setembro de 2008


No passado domingo ocorreu mais um lamentável acidente na linha do Vouga, um carro foi colhido numa passagem de nível sem guarda , na freguesia de Ul,Oliveira de Azeméis .

Tudo terá acontecido em consequência de uma atrapalhação da condutora do veículo onde seguiam mais duas pessoas (marido e filha).

A condutora ter-se-á assustado com a aproximação do comboio e deixou o motor do carro ir abaixo, pelo que aos passageiros só lhes restou saírem do carro a toda a pressa e fugirem, desafortunadamente mãe e filha escolheram o percurso errado para escaparem, sendo apanhadas pela projecção do veículo arrastado pelo comboio, mais sorte teve o marido e pai das vítimas que "in extremis" se afastou para a estrada saindo ileso do acidente.

As vitimas encontram-se hospitalizadas no H.S.Sebastião em Santa Maria da Feira, com fracturas múltiplas e escoriações.


Comentário do Comendador :

"Faz uma certa confusão entender como continuam a acontecer tantos acidentes na linha do Vouga e ninguém com responsabilidades nesta matéria, desde o governo, passando pela Refer e chegando às autarquias, faz nada para resolver a situação.

Estas passagens de nível são perigosas, sim senhor e quem disser o contrário é porque nunca as cruzou.

Muitos dos acidentes são consequência da deficiente visibilidade que se tem em muitas passagens de nível, o que impele muitas vezes o condutor a colocar o veículo no meio da via férrea para poder ver se há ou não, comboios à vista.

Infelizmente por vezes, quer o destino que o comboio lá esteja mesmo , à vista! - o que acontece é que os condutores não são tão inconscientes e descuidados como alguém, porque lhe interessa quer fazer crer, ninguém é suficientemente louco para se lançar deliberadamente de carro contra o comboio no momento em que este passa (pode correr o risco de não acertar no comboio).

Há isso sim uma sensação de nos arrepiar a espinha e de nos fazer cair os testículos (os mais cépticos que experimentem, eu já experimentei involuntariamente, e o comboio ainda devia estar a 100m da passagem de nível, eu tive sorte, outros têm azar! é uma espécie de roleta russa) é esta sensação que nos leva inevitavelmente a cometer erros de condução, como deixar ir o motor abaixo e depois tudo depende da distância a que estiver o comboio.

A linha do vale do vouga que vai fazer 100 anos em Novembro tem sido votada ao desleixo completo, com falta de manutenção e limpeza na via e nas passagens de nível, aliás chega a ser ridícula a forma como são feitos alguns arranjos, a Refer (entidade que gere a infraestrutura ferroviária) envia equipas de manutenção e limpeza da via a pedido dos maquinistas do comboio que vão anotando as situações mais complicadas e que podem colocar em risco a passagem do próprio comboio, e depois comunicam aos seus superiores, ou seja a atitude da Refer é feita no extremo da reacção e não na manutenção preventiva.

Para aqueles que entendem que a linha é inviável economicamente, eu pergunto se conhecem alguma que não o seja? alguma que sobreviva sem o apoio do estado? por isso é que a CP dá milhões de euros de prejuízo, mais, caso houvesse linhas que dessem lucro, será que o estado já tinha resistido à tentação de presentear os privados do costume, com os lucros? de as privatizar? Essa obra faráonica que se anuncia, em termos de estruturas ferroviárias, o TGV , é viável economicamente? o que se poderia fazer com uma ínfima parte dos gastos no TGV, em matéria de requalificação e modernização das linhas ferroviárias Portuguesas?

O comboio desempenha uma função social importante, que é a deslocação de pessoas e deve fazê-lo em comodidade, rapidez e segurança, tanto para os seus passageiros como para os utentes dos outros meios de transporte.

A região que é percorrida pelo traçado da linha comporta mais de 350 mil habitantes, entre Espinho e Aveiro. Numa região bastante deficitária em matéria de redes de transportes públicos.

Sendo o comboio um meio com grande capacidade de transporte, um meio de transporte mais ecológico, mais rápido, mais seguro e sobretudo mais barato, são argumentos suficientes para se impor a requalificação e modernização da linha do Vouga, estruturando o serviço , de modo que o transporte se adeque às necessidades dos seus utentes.

Isto implica também uma definitiva solução para a problemática da segurança, tanto na automatização das passagens de nível como, eventualmente, para a supressão de outras com recurso a percursos alternativos para o trânsito rodoviário, aliás como a própria Refer tem cinicamente propalado, com calendarização e tudo, mas, sem que a obra passe das palavras para o terreno.

Oxalá não venha a ser uma tragédia em grande escala, tal como em Entre-os-Rios, a ditar a celeridade nas obras desta linha ferroviária, porque enquanto só ocorrerem pequenas tragédias, (mas que causam muita dor às pessoas e muitos euros em indemnizações para os cofres da Refer) colocam-se as mãos nos bolsos e assobia-se para o ar, morbidamente à espera do próximo!"


PUBLICAÇÃO : O COMENDADOR

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