Portugal - "salve-se quem puder!"

quinta-feira, 28 de agosto de 2008



Ruptura ou desfasamento civilizacional induzido?



Portugal que durante décadas se caracterizou por ser um país seguro e de brandos costumes, de repente transformou-se numa espécie de Chicago, versão anos trinta.

A histeria que se tem criado é de tal monta, que o quotidiano informativo dos portugueses, nos mais diversos meios, tem orbitado directamente em torno dos locais onde se têm desenrolado os actos criminosos.

Os problemas sociais são a principal ementa apresentada à mesa dos portugueses: a pobreza crescente, o desemprego, a instabilidade laboral, a precariedade, o ataque feroz aos direitos dos trabalhadores que se preconizam, a crise dos combustíveis o fosso abismal entre pobres e ricos, não são por si só justificação causal, para aquilo que se tem assistido.

É óbvio, que é fácil para a classe política da oposição, encontrar bodes espiatórios mais ou menos combinados com o populismo e o oportunismo da ocasião, para lançar ataques ao governo.

Em certo sentido até têm razão, já que compete ao estado assegurar a protecção dos seus cidadãos, no entanto não há fórmulas mágicas de combate ao crime quando as causas de origem não são racionalmente identificáveis.

Como se pode compreender que alguém que não consegue consumar um assalto, simplesmente, num acto de frustração covarde, descarregue duas ou três balas numa vitima, quem consegue evitar isto?

Depois, é normal que exista um sentimento de impunidade reinante, entre a classe criminosa deste país.

A justiça , pilar basilar de um estado de direito, não sendo funcional, facilita a prática de actividades contrárias à lei e aos bons costumes, e concomitantemente a falta de autoridade do estado e dos agentes a quem compete garantir e exercer essa própria autoridade, e estas são fragilidades oportunamente bem exploradas pelos criminosos.

Vai daí, sem querer ser muito catastrofista, aquilo a que hoje assistimos é o culminar de um país à beira da ruptura social, onde, a breve trecho teremos movimentos de justiça popular organizados e entrincheirados para fazer face aos criminosos violentos.

Naturalmente que este cenário não é desejável, mas a continuar esta situação de alarme popular, o mundo do crime violento terá um opositor que nada tem a perder e que lutará de forma tenaz e com todos os meios ao seu dispor (legítimos ou não), para defender aquilo que são os seus pertences individuais ou colectivos.

Será uma regressão nos princípios da evolução civilizacional, mas que se contrapõe à mesma regressão humana e de civilização para onde sucessivos governos deste país e desta Europa nos têm (a nós cidadãos) arrastado.

A selvajaria da exploração para obtenção de riqueza, está no auge do ténue equilíbrio, as classes sociais mais pobres estão cada vez mais afastadas das classes ricas, com a agravante da chamada classe média se estar a diluir muito rapidamente na classe pobre, com os inerentes vícios que lhes foram induzidos e proporcionados pelos exploradores selvagens do capital, estrangulando-os financeiramente e despojando-os da racionalidade de consumo é o rastilho perfeito para as graves convulsões que se avizinham.


PUBLICAÇÃO: O GADANHA

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  © Feira das Conspirações! - Santa Maria da Feira - Portugal - Maio/2008

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