Incursão pela Viagem Medieval

quarta-feira, 6 de agosto de 2008



Viagem Medieval - Edição 2008

O Feira das Comendas fez uma incursão pela Viagem Medieval, edição 2008, que decorre em Santa Maria da Feira até ao próximo dia 10.
Este evento vai marcando o pulsar do quotidiano feirense, nestes primeiros dias de Agosto e como tal, o Blog não se poderia alhear de tão importante acontecimento.



Este ano o espaço da viagem está mais alargado, construiu-se uma nova arena para os torneios de cavaleiros, com uma maior dotação de lugares, o que permitiu que o anterior espaço onde se disputavam as justas medievais pudesse ser explorado por mais barraquinhas que servem "porco assado".

Confesso que não as contei, mas qualquer dia haverá lugar para todas as associações do concelho e assim acaba-se a ciumeira doentia entre elas.

O espaço frontal à entrada do Convento dos Lóios tornou-se igualmente num novo espaço.
É aqui que se tem feito a representação da lenda do "milagre das rosas", que é o motivo histórico de referência para a corrente edição.

Novidade é igualmente, a abertura da Quinta do Castelo à exploração da viagem medieval, quando escrevo exploração é mesmo no sentido económico senão atente-se na imagem do cartaz
promocional.





Este novo espaço deve estar inserido em alguma campanha de Marketing das Termas de São Jorge, o que já não é admissível é que no cartaz se faça alusão aos banhos públicos como espaços gratuitos, comunitários e de convívio, na época romana e árabe e depois na época medieval (Séc. XXI), se queira cobrar 2€ para molhar os pés, curiosamente a mim só me cobravam 1,5 €, mas não tinha direito a massagens.

A recepcionista foi de uma gentileza persuasiva inexcedível, ao ponto de eu declinar de imediato qualquer tentativa de me fazer pagar um cêntimo que fosse para ali entrar.

Notável é também, o sentido económico de quem ali faz negócio, não se pode exagerar nos mimos aquíferos sob pena de não haver tempo de tomar o chá, o cliente tem apenas vinte minutos para saborear aquele prazer idílico que é o banho pulverizado nas pernas, não sei se com água das Caldas se com água do pequeno lago que ali existe, resumindo 10 cêntimos por minuto.

Naturalmente que face a esta proposta só poderia fazer uma coisa: esticar o dedo-pilas e dobrar todos os outros.

O Castelo presumivelmente estaria muito animado, e apenas presumo porque não estava com disposição para pagar 10 € à entrada, ainda por cima sem direito a ceia medieval, fiquei mesmo da parte de fora em interessante cavaqueira com um Cavaleiro da Ordem dos Templários, felizmente àquela hora não era preciso pagar nada, porque se fosse de dia pagava mais 3 €.



Na mata das Guimbras para além dos habituais acampamentos dos animadores da viagem, este ano existem mais dois espaços lúdicos, presumo que direccionados aos mais jovens, a Floresta Encantada e o Feitiço da Coruja, dinamizado pelo Zoo de Lourosa.
As entradas custam 2 € e 1,5 € respectivamente.

Significa tudo isto que a Viagem Medieval perdeu todos os traços de índole cultural (se é que alguma vez os teve) e transformou-se num imenso negócio, onde tudo é pago e com tendência clara para alargar o âmbito dos negócios.

Veja-se a loja de vestuário oficial que despojou do moinho o fazedor de fogaça, que durante alguns anos se esforçou por explicar, à imensa multidão que por ali passava, a origem, os ingredientes e a arte de bem fazer fogaça, que era o elemento mais típico da tradição Feirense mas, que poderá brevemente, vir a ser ultrapassado, pela arte de bem confeccionar carne de porco, nem que se invente uma qualquer desgraçada maleita para dar crédito à coisa.

A animação que se vai fazendo pelas ruas, só serve para entreter as pessoas que esperam avidamente por um fêvera no pão ou um copo de sangria, é preciso segurar o consumidor com qualquer coisa, as gaitas-de-foles, bombos, cuspidores de fogo e andarilhos são óptimos "entretainers".

Outro pormenor interessante deste ano foi a colocação de portas abertas em todas as entradas periféricas à zona onde se desenrolam as actividades medievais, será uma espécie de ensaio geral para no futuro se tornar a viagem medieval semelhante ao Carnaval de Ovar, ou seja paga?
A ideia não é original e até pode ser que venha a vingar.

Verdade, verdadeira é que havia por lá muita gente, aqui a crise não parece ter afectado ainda o espírito medieval da viagem (o negócio), não sei se é uma causa circunstancial ou se é uma consequência da tradição.



PUBLICAÇÃO : O COMENDADOR

2 comentários:

Anónimo disse...

Antes de mais nada, devo dizer que encontrei este blog por mero acaso aquando de pesquisas que me encontrava a fazer a propósito da viagem medieval. E já que me deparei com estas palavras devo dizer o seguinte. Eu li só muito por alto as palavras a que se refere no que diz respeito à viagem medieval. E embora concorde parcialmente com algumas afirmações que traduzem a sua revolta enquanto feirense que é (ou que pelo menos parece ser), não podia deixar de comentar e de discordar de algumas coisas que encontrei aqui escritas.
Eu trabalhei neste ano pela 1ª vez como voluntário da Viagem Medieval e devo dizer que no meu caso em particular a experiência e o convívio que tive serão inegualáveis. Devo de resto dizer que trabalhei com muito gosto numa área temática referida neste blog: O Feitiço da Coruja. Devo dizer que esta zona foi uma das mais visitadas pelo público e tornou-se num sucesso maior do que aquilo que a própria organização esperava. De resto, e segundo o que ouvi dizer, "isto é diferente de outros folclores que há por aí no recinto da viagem" ( e estou mais ou menos a citar).

Naturalmente que pode perguntar onde parou a crise na Feira nestes dias. Pois eu não sei, mas seguramente que também é assim noutros locais e festivais... Mas a verdade é esta: a Viagem Medieval é o grande cartaz da cidade e é natural que ao longo dos anos se encontrem estratégias que acompanhem o crescimento da reputação de um evento já premiado (logo não é só a feira das febras...). Daí o aparecimento desde alguns anos de áreas pagas, que foram aumentando de nº nos últimos anos. Mas já lhe digo duas coisas:
1º: Li sobre a discussão sobre áreas pagas e a verdade é q me parece q esta é a solução correcta, ou será que você prefere pagar todos os dias só para entrar no recinto?
2º: Como qualquer grande área, e dada a abrangência da viagem, é natural que haja diferentes zonas para diferentes públicos e diferentes carteiras. Será discriminação? Não, pelo contrário.

Só pra particularizar o caso da "minha" área temática: do que sei, o preço era de 1,50€, pra qq idade (excepto pra <5anos --> grátis), mas também é verdade que por cada bilhete havia um bilhete grátis de entrada no zoo, que por acaso até custa 2EUROS. Agora diga lá o que quiser sobre negócios e cultura mas parece-me que aqui todos saem a ganhar...

O Conspirador disse...

Caro André:
Naturalmente, que cada um tem a liberdade de fazer as apreciações e as reflexões que bem entender, da Viagem medieval.
Aquilo que eu critico não são os voluntários nem as associações,mas quem faz negócio à custa dum evento que é amplamente suportado pela câmara da Feira, com dinheiro de todos nós.
Depois, é altamente questionável ver neste evento, uma promoção da cultura Feirense, que cultura?
Estou-me perfeitamente nas tintas se o evento faz publicitar o concelho a nível nacional, quando os cidadãos do concelho ainda não têm acesso a alguns serviços básicos, como água e saneamento.
Promover a cultura Feirense é ter infraestruturas escolares condignas para os nossos alunos, é não permitir que as obras de alguns centros escolares parem por falta de verbas, é não permitir que muitos alunos do concelho, ainda tenham aulas em contentores metálicos, que quando chove deixam entrar água.
Como vê, é tudo uma questão de estabelecer prioridades.
Não pudemos é durante 10 dias fazer
de conta que a feira promove cultura. senão então, passamos a ter uma recriação da treta, sem qualquer rigor histórico e que apenas serve para visitante absorver.

Quanto ao Zoo de Lourosa, talvez fosse interessante questionar as condições em que os trabalhadores da empresa "Feira Viva", têm que colaborar no evento. E o dinheiro que a organização poupa com os voluntários, pois presumo que não sejam assalariados do Zoo.

Cumprimentos.

eXTReMe Tracker

  © Feira das Conspirações! - Santa Maria da Feira - Portugal - Maio/2008

Voltar ao Início