Evento de Tunguska foi há 101 anos
terça-feira, 30 de junho de 2009
Concepção artística do evento de Tunguska
Existem mais de 160 ideias com eventuais explicações para o que aconteceu, incluindo a explosão de um OVNI, uma bomba atómica, e até a explosão de um mini-buraco-negro. Criatividade não falta…
O que se sabe foi o que se viu (a devastação provocada pelo evento, por exemplo as 80 milhões de árvores arrasadas – apesar da primeira expedição científica ao local ter sido feita somente após 19 anos!), o que se sentiu (a 70 quilómetros de distância, as pessoas sentiram um abalo tão forte que as fez cair das cadeiras e sentiram um calor tão intenso que as suas roupas pareciam estar em fogo!), e o que se previu (se a explosão tivesse ocorrido menos de 5 horas depois, devido à rotação da Terra, ela teria destruído a então capital da Rússia, São Petersburgo).
Actualmente a explicação mais consensual é a de que um meteoróide de composição rochosa com cerca de 50 metros entrou na atmosfera terrestre e explodiu a cerca de 8 kms acima da superfície terrestre, devido ao calor gerado pela compressão do ar à sua frente.
Estas explosões no ar são eventos frequentes, mas felizmente os meteoróides são bastante pequenos, tão pequenos para nem os notarmos. Não foi isso que aconteceu na Sibéria, em que o meteoróide era grande o suficiente para provocar enorme destruição (o suficiente para arrasar cidades como o Porto ou Lisboa, e matar todos os seus habitantes).
Estas explosões no ar, como é óbvio, não deixam crateras no solo.
No entanto, em 2007, saiu a notícia que talvez se tenha encontrado uma cratera de impacto no fundo do lago Cheko. Os descobridores não põem em causa que o objecto tenha explodido na atmosfera, mas acreditam que um pequeno pedaço de talvez um metro tenha sobrevivido à explosão e atingido o solo, criando a cratera. Não há consenso quanto a esta cratera, mas estudos preliminares parecem indicar que a hipótese poderá ter “pernas para andar”.
Por outro lado, até agora não se tinha a certeza se o objecto causador da destruição seria um asteróide ou um cometa. Mas há cerca de uma semana atrás saiu a notícia de um novo estudo, liderado pelo professor Michael Kelley da Universidade de Cornell, nos EUA, comparando o que aconteceu em Tunguska com o que se passa durante o lançamento de vaivéns espaciais.
Quando os vaivéns espaciais são lançados, libertam quase 300 toneladas de vapor de água, o que poderá levar à formação de nuvens noctilucentes.
Nuvens noctilucentes formam-se na mesosfera superior, em altitudes acima de 80 km. Estas nuvens são bem observadas nas regiões polares durante o crepúsculo. As nuvens são iluminadas por causa da sua altitude. Nuvens noctilucentes aparecem como nuvens luminosas contra o fundo escuro do céu. As nuvens tendem a ter tons azulados ou prateados,podendo também apresentar tonalidade vermelha ou laranja, são tão finas que a luz das estrelas facilmente transparece por entre elas. A origem destas nuvens não é bem conhecida. Os cientistas especulam que as nuvens noctilucentes são compostas de água que se congela a partir das partículas de poeira que são deixadas pelos rastos dos cometas.
Os cometas têm também bastante gelo na sua composição, e a sua passagem pela atmosfera liberta uma enorme quantidade de vapor de água, podendo levar à formação de nuvens noctilucentes.
Como se viram nuvens noctilucentes ni dia seguinte ao impacto de Tunguska, a hipótese cometa passou a fazer mais sentido que a de asteróide (que não tem gelo de modo a libertar vapor de água e a formar nuvens noctilucentes). Mesmo sabendo que essas nuvens foram vistas em 1908 no Reino Unido (e não na Sibéria), o certo é que as nuvens podem formar-se muito longe do local dos acontecimentos.
Concluindo, ainda não se tem certezas sobre a causa para o que se passou em Tunguska em 1908.
No entanto, a hipótese cometa é cada vez mais forte.
Aliás, é interessante perceber que se está a voltar à hipótese dada em 1930 por um astrónomo Britânico, Whipple, que dizia que o que tinha acontecido em Tunguska tinha sido uma explosão na atmosfera de um pequeno cometa composto por gelo e pó. E em 1978, um astrónomo da Eslováquia complementou essa informação dizendo que esse pequeno cometa teria sido um fragmento do Cometa Encke – que é responsável por uma pequena chuva de meteoros todos os anos no final de Junho; precisamente a altura em que se deu o Evento de Tunguska.
Fonte: Adaptado a partir do artigo de Carlos Oliveira publicado na Ciência Hoje
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