Américo Amorim - O Lavrador

Quem regularmente vem cá beber a esta tasca, já deve ter percebido que aqui não se morre de amores pelo Américo Amorim, apesar disso há que reconhecer que o homem até tem algumas qualidades.

Uma das qualidades que lhe é reconhecida e que faz dele um dos homens de maior sucesso no jogo da alta finança, é a paciência.

Américo Amorim é um jogador frio, calculista, por vezes até cínico, prepara muito bem o seu campo de cultivo, escolhe com olho clínico as melhores sementeiras, dá o necessário tempo de maturação ao fruto e depois limita-se a colher a sua abundante safra.

Há uns tempos atrás Américo Amorim criticava duramente o capitalismo selvagem, houve quem achasse (eu próprio) que esta crítica era palha para burros ou pregação para peixes. Hoje acredito que o Américo Amorim estava a ser sincero quando dizia que o capitalismo selvagem deveria ser destruído.

O agora Dr. Américo Amorim é um capitalista da velha guarda, não vive da gulodice imediata e sabe explorar com minúcia os momentos oportunos. Investe nas abelhas mas não recolhe logo o mel, deixa que o pote se encha e só então se lambuza até à insaciedade.

É com esta paciência irritante (para os seus adversários) que o homem mais rico de Portugal vai replicando a sua fortuna.

Outra das suas grandes virtudes manifesta-se ao nível do trato.

Américo Amorim sempre soube conviver muito bem com os regimes políticos, fossem eles fascistas, comunistas, socialistas ou sociais democratas, com a sagacidade que se lhe reconhece sempre soube estar do lado certo da barricada e com isso, sempre soube ganhar dinheiro, muito dinheiro e muito mais dinheiro. Claro que o seu percurso não terá sido todo ele cândido e transparente, mas também nisso foi magistral porque até hoje saiu sempre por cima e a ganhar.

Apesar de não me sentir fascinado pela sua pessoa, muito pelo contrário, a verdade é que o homem tem os seus méritos, se tivesse que lhe atribuir um cognome assentava-lhe bem "O Lavrador".

PUBLICAÇÃO: O COMENDADOR