O que se passa em Betelgeuse?

quinta-feira, 11 de junho de 2009


Betelgeuse ou Alfa Orionis (em Árabe, o ombro do caçador) é uma estrela supergigante vermelha da constelação de Oríon.

Apesar de ser a estrela alfa, Betelgeuse não é a estrela mais brilhante da constelação. Oríon, Orionte, ou o caçador, é a constelação mais fascinante dos céus. Pode ser contemplada na sua máxima plenitude nas noites frias dos meses de Inverno, isto se formos observadores a partir do Hemisfério Boreal.


O título de estrela mais brilhante da constelação pertence à estrela Beta Orionis, ou Rígel (em Árabe, o pé do caçador) também ela uma supergigante, mas Azul, com características muito diferentes da sua companheira vermelha de constelação.

Rígel também tem as suas particularidades, por exemplo, é um dos objectos mais luminosos da nossa galáxia, sendo também um dos maiores corpos celestes visíveis a olho nu.


Voltando a Betelgeuse...

Esta é uma das maiores estrelas conhecidas e depois do Sol, foi a primeira estrela a revelar pormenores da sua superfície à câmara ultra-violeta do Telescópio Hubble em 1995. Foi igualmente a primeira estrela onde foi possível medir o seu diâmetro e continua a ser uma das escassas 12 estrelas que observadas com potentes instrumentos revela um disco e não um simples ponto luminoso.


A 425 anos-luz de distância, Betelgeuse é uma estrela variável, com mudanças tanto de brilho quanto de tamanho.Ela é enorme! Se estivesse no lugar do Sol, ocuparia todo o espaço até a órbita de Saturno no seu diâmetro máximo, e seria do tamanho da órbita de Júpiter no seu mínimo. O mesmo que de 550 a 920 vezes o diâmetro do Sol.

Ela é tão brilhante como 60 mil sóis e ocupa a 10ª posição entre as estrelas mais brilhantes do céu. Betelgeuse tem uma massa equivalente a 14 massas solares e a sua temperatura à superfície é de cerca de 3000º K.


Betelgeuse ainda se nos mostraria mais brilhante se a sensibilidade da visão humana detectasse os comprimentos de onda em infra-vermelho, já que apenas 13% da sua irradiação luminosa é emitida em luz visível.

A variabilidade da sua luminosidade é muito prolongada , facto este que tem intrigado os cientistas. Tudo parece indicar que as camadas mais externas da sua superfície se expandem durante vários anos, para em seguida se retraírem.

Com isto, a temperatura da estrela aumenta e diminui alternadamente, assim como o seu brilho. Essa pulsação é comum nas estrelas supergigantes vermelhas e o seu comportamento pode assemelhar-se ao bater de um colossal coração.
Esta característica poderá indiciar um estado de pré-Supernova, no entanto, este processo poderá prolongar-se por milhões de anos, ou até poderá já ter acontecido, já que a luz de Betelgeuse demora cerca de 500 anos a chegar até nós.


A sua atmosfera é muito instável. Quando se contrai, absorve mais energia e aquece, ao aquecer volta a expandir-se. Ao aumentar de tamanho, torna-se menos densa e deixa escapar mais energia o que provoca o seu arrefecimento, a partir daqui a estrela volta a diminuir o seu diâmetro e o ciclo recomeça.

Um estudo divulgado recentemente dá conta que a estrela Betelgeuse diminuiu o seu diâmetro em cerca de 15% nos últimos 15 anos, este dado é algo de perturbador e que tem surpreendido os astrónomos, o mecanismo responsável por esta redução de tamanho continua a ser um mistério para a comunidade científica.

O que se sabe é que estas "arritmias" em Betelgeuse podem ser um prenúncio do final da sua existência. Betelgeuse já transformou a maior parte de seu hidrogénio em hélio, e agora começa a fundir o próprio hélio no seu núcleo quente de carbono.


A morte de Betelgeuse será um acontecimento astronómico extraordinário, fenomenal e formidavelmente espectacular - Uma fantástica explosão chamada Supernova.

A Distância que nos separa dessa hipotética explosão representará uma espécie de apólice de seguro existencial, o evento não comportará qualquer tipo de risco para a vida na Terra.

Ainda assim, a estrela será vista no céu pelo menos 10 mil vezes mais brilhante que hoje. Será tão brilhante quanto uma lua crescente, talvez mais. Durante meses Betelgeuse ficará visível inclusive à luz do dia. Depois, ela se apagará lentamente até desaparecer diante dos nossos olhos. Dela restarão apenas uma nebulosa e resquícios da sua atmosfera primitiva (véus ou cirros gasosos), e somente serão visíveis com potentes instrumentos.

O espectáculo terá terminado e ficarão resguardados na memória visual estes soberbos momentos de vida, pelo menos para os privilegiados que o puderem presenciar.

PUBLICAÇÃO: O COMENDADOR

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