Que Esquerda?
quinta-feira, 9 de julho de 2009
Enquanto lia o Programa Eleitoral do Bloco de Esquerda às legislativas deparei-me com muitas propostas interessantes, as quais poderiam ajudar o país a sair de uma grave crise social em que se encontra. Propositadamente, coloca apenas social e não económica, porque como em tudo na vida, existe sempre o reverso da moeda, algo que o Partido Comunista e o Bloco de Esquerda têm dificuldade em assumir.
Disse e sempre direi que lutarei por uma sociedade melhor, contudo tenho de perceber o que cria/gera riqueza, logo o que cria/gera emprego. Por muito que me custe ainda não vi um empresário criar um empresa e afirmar: “Dos resultados líquidos que auferir, 95% pertencerá aos trabalhadores e 5% a mim”. Faria sentido que assim fosse, visto que, foram eles (trabalhadores) e não ele (empresário) que criaram o produto/serviço que fez com que aquele obtivesse lucro; porventura o que fariam os trabalhadores se o empresário nunca tivesse corrido o risco de investir? A fronteira que delimita aquilo que é exploração daquilo que é recompensa é muito ténue e, por isso, geradora de ódios e desavenças.
A esquerda deve, cada vez mais, elucidar os cidadãos que o egoísmo e o mundo competitivo em que vivemos, não são uma fatalidade da vida, mas sim o resultado de uma sociedade dominada por instituições (religiosas, políticas, económicas e culturais) que tentam preservar o seu domínio na sociedade através da perpetuação das estruturas socioeconómicas existentes. Traduzindo: os partidos políticos no poder, as religiões dominantes e os grupos económicos mais pujantes encontram-se no topo, porque conseguiram criar uma “pescadinha de rabo na boca” em que aqueles que perpetuam o “Status Quo” são classificados de “normais” e aqueles que querem sair da lógica dominante são rotulados de “anormais” e, por isso, olhados com desdém e repugnância pelos restantes, constituindo isto um forte entrave à saída daquele sistema. Desta forma se percebe que os grandes grupos económicos estão associados a partidos de direita, porque estes fazem tudo para que aqueles prosperem e, por isso, perpetuem o seu poder.
Assim se entende que as religiões dominantes tenham criado o “inferno” pois este seria um entrave aos fiéis tomarem posições reformadoras, logo instigadoras de derrubar as estruturas dominantes; assim se percebe que as grandes companhias petrolíferas não estejam muito interessadas na nova economia verde e façam tudo para a boicotar, pois a hegemonização daquela implicaria a queda destas empresas.
Posto isto, a crítica que quero fazer é a seguinte: os partidos de esquerda têm de aprender a viver no fio da navalha, isto é, fazer uma transição progressiva de um mundo impregnado de liberalismo para um mundo socialista, mas para isso tem de cultivar entre os mais jovens, desde muito cedo, uma cultura de partilha, trabalho comunitário. Enfim, uma lógica de “Dar para receber” e não uma lógica de “Cada um para o seu umbigo”.
Não se pode pedir a uma sociedade que mude radicalmente a sua visão do mundo, quando todos os dias, essa mesma sociedade é empurrada para o consumismo, egoísmo e competitividade. Se queremos derrubar este colete de forças em que estamos metidos, temos de começar pelas fundações, e nunca pelo telhado, colocando os explosivos em pontos estratégicos.
Já agora deixo a seguinte questão: Quem de entre vós está disposto a doar a sua herança à sociedade, depois de tantos anos de trabalho, em vez de a doar aos seus filhos? Haverá forma de diminuir as desigualdades mais eficaz do que esta? O que seria Américo Amorim, se não herdasse o que herdou? Será que outros não teriam perpetuado os seus negócios?
Como podem ver, com a sociedade de hoje, dificilmente alguém responderia “Eu dou” à primeira pergunta, e é para isto que chamo a atenção.
Disse e sempre direi que lutarei por uma sociedade melhor, contudo tenho de perceber o que cria/gera riqueza, logo o que cria/gera emprego. Por muito que me custe ainda não vi um empresário criar um empresa e afirmar: “Dos resultados líquidos que auferir, 95% pertencerá aos trabalhadores e 5% a mim”. Faria sentido que assim fosse, visto que, foram eles (trabalhadores) e não ele (empresário) que criaram o produto/serviço que fez com que aquele obtivesse lucro; porventura o que fariam os trabalhadores se o empresário nunca tivesse corrido o risco de investir? A fronteira que delimita aquilo que é exploração daquilo que é recompensa é muito ténue e, por isso, geradora de ódios e desavenças.
A esquerda deve, cada vez mais, elucidar os cidadãos que o egoísmo e o mundo competitivo em que vivemos, não são uma fatalidade da vida, mas sim o resultado de uma sociedade dominada por instituições (religiosas, políticas, económicas e culturais) que tentam preservar o seu domínio na sociedade através da perpetuação das estruturas socioeconómicas existentes. Traduzindo: os partidos políticos no poder, as religiões dominantes e os grupos económicos mais pujantes encontram-se no topo, porque conseguiram criar uma “pescadinha de rabo na boca” em que aqueles que perpetuam o “Status Quo” são classificados de “normais” e aqueles que querem sair da lógica dominante são rotulados de “anormais” e, por isso, olhados com desdém e repugnância pelos restantes, constituindo isto um forte entrave à saída daquele sistema. Desta forma se percebe que os grandes grupos económicos estão associados a partidos de direita, porque estes fazem tudo para que aqueles prosperem e, por isso, perpetuem o seu poder.
Assim se entende que as religiões dominantes tenham criado o “inferno” pois este seria um entrave aos fiéis tomarem posições reformadoras, logo instigadoras de derrubar as estruturas dominantes; assim se percebe que as grandes companhias petrolíferas não estejam muito interessadas na nova economia verde e façam tudo para a boicotar, pois a hegemonização daquela implicaria a queda destas empresas.
Posto isto, a crítica que quero fazer é a seguinte: os partidos de esquerda têm de aprender a viver no fio da navalha, isto é, fazer uma transição progressiva de um mundo impregnado de liberalismo para um mundo socialista, mas para isso tem de cultivar entre os mais jovens, desde muito cedo, uma cultura de partilha, trabalho comunitário. Enfim, uma lógica de “Dar para receber” e não uma lógica de “Cada um para o seu umbigo”.
Não se pode pedir a uma sociedade que mude radicalmente a sua visão do mundo, quando todos os dias, essa mesma sociedade é empurrada para o consumismo, egoísmo e competitividade. Se queremos derrubar este colete de forças em que estamos metidos, temos de começar pelas fundações, e nunca pelo telhado, colocando os explosivos em pontos estratégicos.
Já agora deixo a seguinte questão: Quem de entre vós está disposto a doar a sua herança à sociedade, depois de tantos anos de trabalho, em vez de a doar aos seus filhos? Haverá forma de diminuir as desigualdades mais eficaz do que esta? O que seria Américo Amorim, se não herdasse o que herdou? Será que outros não teriam perpetuado os seus negócios?
Como podem ver, com a sociedade de hoje, dificilmente alguém responderia “Eu dou” à primeira pergunta, e é para isto que chamo a atenção.
1 comentários:
Parabéns Daniel, lucidez não te falta.
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