Paços de Brandão - Os troca-tintas da Igreja

segunda-feira, 6 de julho de 2009


A comissão fabriqueira da paróquia de Paços de Brandão está a enviar para todas as casas da freguesia um pequeno subscrito, que se destina a recolher fundos para as obras de pintura da Igreja Matriz.

Já há algum tempo atrás o Padre Julião tinha feito publicamente um apelo agressivo para o dever de todos os Brandoenses contribuírem para esta causa.

Para o clérigo, era uma vergonha que uma freguesia como Paços de Brandão tivesse uma Igreja naquelas condições. A contribuição mínima exigível a cada Brandoense deveria passar pelo donativo de notas e não de moedas, como fez questão de frisar numa homilia.

Nada tenho contra as obras na Igreja, nem sequer vou questionar a sua premência, mas não deixo de censurar esta forma arrogante de pedir esmola, quando se pede não se exige, e se a alguém deve ser exigido este esforço deve sê-lo aos que professam a religião católica e se servem da Igreja.

Porque razão é que os infiéis da Igreja de Paços de Brandão são tão violentamente criticados pelos devotos católicos e depois alguém tem a distinta lata (de tinta)de colocar envelopes nas caixas de correio de forma indiscriminada, quase exigindo um donativo com valor mínimo admissível (nunca menos de cinco euros)?

Este é um velho costume Brandoense, onde algumas pessoas julgam que a Igreja superintende a vontade de toda a gente, sejam elas profundamente crentes ou convictamente ímpias.

Com a crise que paira sobre a região, em particular com as dificuldades que o desemprego e o sobreendividamento tem acarretado nas famílias de menores rendimentos, parece-me de todo injustificável e imoral esta campanha intimidatória de angariação de fundos para obras numa Igreja. Isto é tanto mais "religiosamente" imoral quanto é verdade que a maioria dos crentes são pessoas humildes, pobres, a quem se perpetua o obscurantismo como forma de alimentar pela fé aquilo que a carteira muitas vezes não permite alimentar: a barriga. Com que moralidade se pretende obrigar esta gente a mais este esforço sob pena de se poderem fechar os desígnios celestes, como a qualquer cristão se fecham as portas da felicidade eterna se não forem seguidos os ensinamentos e a palavra do filho de "Deus" e se Cristo fundou a sua própria Igreja porque razão alguém lhe chama ICAR e não Igreja de Cristo?

Com quanto é que a diocese pretende comparticipar na pintura?

É por estas e por outras que a ICAR (Igreja Católica Apostólica e Romana) se vai desmoronando pedra por pedra e a continuar assim, quase apetece perguntar se valerá a pena pintar os futuros escombros desta inexorável derrocada.

Não seria mais razoável que a Igreja fizesse uma colecta de bens para repartir com os mais necessitados. Isso sim seria uma acção digna dos pergaminhos e da palavra que estilizam os seu pregão.

A propósito, como tenho uns problemas com a pintura dos tectos cá em casa, tudo por causa das infiltrações de Inverno. Aproveito para meter uma cunhazita à comissão fabriqueira. Se acaso sobrar assim uma latita de tinta ou uns euritos, não estariam os senhores em condição de poder ajudar este pobre descrente no restauro da sua casita, eu prometo que depois envio o respectivo envelope e desde já faço saber que não aceito moedas, o mínimo que estou disposto a receber são notas verdes ou latas de tinta cheias, não aceito sobras .

1 comentários:

Anónimo disse...

O Julião é um espectáculo! mas o Firmino candidato a junta é mais ainda, acertou primeiro um negócio por um preço mas depois lá fez a vontade ao padre para gastar 10 vezes mais....e o povo é que paga quando a cabeça não têm juízo...

eXTReMe Tracker

  © Feira das Conspirações! - Santa Maria da Feira - Portugal - Maio/2008

Voltar ao Início