A mudança começa no país do Sol Nascente
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
Para onde caminha o Japão? Eis uma questão que muitos gostariam de ver respondida!
Existe uma palavra em voga no mundo, desde que o presidente Obama tomou o poder: mudança. E o que o Japão assiste neste momento é a um mega-processo de mudança. Bastaria apercebermo-nos que já não é o último produto da Sony, nem o último modelo da Toyota que coloca o país nas bocas do mundo, para nos darmos conta que algo de revolucionário se passa.
O Partido Liberal Democrata que governava o país, imperialmente, desde 1959 perdeu as eleições para o Partido Democrata Japonês. A queda do PLD ameaça colapsar tudo aquilo que representava o pró - ocidentalismo, o anti - comunismo e o pró – patronato. Um dos grandes responsáveis pela esperada “mudança” é um excêntrico homem de 62 anos, Yukio Hatoyama, cujo cabelo desalinhado lhe valeu a alcunha de “Alien”.
Yukio Hatoyama tem uma tarefa colossal pela frente. O país depara-se com uma dívida pública de 170% do PIB, deficit orçamental de 10% do PIB, taxa de desemprego de 5,7% (relativamente alta por aquelas paragens) e uma perspectiva assustadora de crescimento das despesas com saúde, dado o país ter uma dinâmica demográfica muito estagnada (a esperança média de vida é de 82 anos).
A receita para sair da crise em que o Japão se encontra é do mais puro Keynesianismo que se conhece, algo estranho para um país que sempre assentou o crescimento no mercado externo. Com o intuito de impulsionar a procura interna tenciona-se fazer de tudo: subsídio por cada novo filho a rondar os €190/mês, instituir pensões mínimas a agricultores e desempregados, eliminar as propinas no ensino superior, congelamento dos impostos sobre o consumo e elevar o salário mínimo nacional. Alias esta medida era já aguarda, caso o Partido Democrata vence-se, dada a ligação visceral aos sindicatos, o que tem colocado em estado de alerta a praça financeira de Tóquio e o patronato nacional.
Em termos de política externa, esta inesperada vitória obrigou alguns governos a ler apressadamente o programa eleitoral do Partido Democrata Japonês. A tensão e apreensão são visíveis na Casa Branca, ou não tivesse Yukio Hatoyama garantido que reveria a presença militar americana em solo japonês (Okinawa), contestaria o peso do dólar americano como reserva internacional de moeda, bloquearia o tratado de abastecimento da marinha norte-americana no Indico, enfim parece disposto a rever a tendência “pacifista” Japonesa. Resta compreender se esta atitude é mais uma forma de afirmação e demonstração de ruptura com o passado ou se na realidade o receio da expansão Chinesa e o militarismo da Coreia do Norte não farão o Japão pensar duas vezes.
Dentro do próprio partido as coisas não parecem fáceis: com uma massa intelectual, jovem e a fervilhar de energia, a probabilidade de rupturas internas é muito grande. Com mais de vinte facções e jovens dinâmicos e ambiciosos, torna-se necessário que aconteça uma de duas situações: ou o partido tem capacidade para aglutinar e canalizar todas as energias e opiniões para o governo e gestão da coisa pública e impulsão da mudança, ou obrigar-se-á a disciplinar e “calar” todas as tendências sob pena de entrar na anarquia interna e constituir-se um desgoverno dentro do governo.
O tempo é de mudança, mas a mudança comporta riscos. Veremos se o Japão continuará a ser um exemplo para o mundo criando um novo “milagre económico”.
Existe uma palavra em voga no mundo, desde que o presidente Obama tomou o poder: mudança. E o que o Japão assiste neste momento é a um mega-processo de mudança. Bastaria apercebermo-nos que já não é o último produto da Sony, nem o último modelo da Toyota que coloca o país nas bocas do mundo, para nos darmos conta que algo de revolucionário se passa.
O Partido Liberal Democrata que governava o país, imperialmente, desde 1959 perdeu as eleições para o Partido Democrata Japonês. A queda do PLD ameaça colapsar tudo aquilo que representava o pró - ocidentalismo, o anti - comunismo e o pró – patronato. Um dos grandes responsáveis pela esperada “mudança” é um excêntrico homem de 62 anos, Yukio Hatoyama, cujo cabelo desalinhado lhe valeu a alcunha de “Alien”.
Yukio Hatoyama tem uma tarefa colossal pela frente. O país depara-se com uma dívida pública de 170% do PIB, deficit orçamental de 10% do PIB, taxa de desemprego de 5,7% (relativamente alta por aquelas paragens) e uma perspectiva assustadora de crescimento das despesas com saúde, dado o país ter uma dinâmica demográfica muito estagnada (a esperança média de vida é de 82 anos).
A receita para sair da crise em que o Japão se encontra é do mais puro Keynesianismo que se conhece, algo estranho para um país que sempre assentou o crescimento no mercado externo. Com o intuito de impulsionar a procura interna tenciona-se fazer de tudo: subsídio por cada novo filho a rondar os €190/mês, instituir pensões mínimas a agricultores e desempregados, eliminar as propinas no ensino superior, congelamento dos impostos sobre o consumo e elevar o salário mínimo nacional. Alias esta medida era já aguarda, caso o Partido Democrata vence-se, dada a ligação visceral aos sindicatos, o que tem colocado em estado de alerta a praça financeira de Tóquio e o patronato nacional.
Em termos de política externa, esta inesperada vitória obrigou alguns governos a ler apressadamente o programa eleitoral do Partido Democrata Japonês. A tensão e apreensão são visíveis na Casa Branca, ou não tivesse Yukio Hatoyama garantido que reveria a presença militar americana em solo japonês (Okinawa), contestaria o peso do dólar americano como reserva internacional de moeda, bloquearia o tratado de abastecimento da marinha norte-americana no Indico, enfim parece disposto a rever a tendência “pacifista” Japonesa. Resta compreender se esta atitude é mais uma forma de afirmação e demonstração de ruptura com o passado ou se na realidade o receio da expansão Chinesa e o militarismo da Coreia do Norte não farão o Japão pensar duas vezes.
Dentro do próprio partido as coisas não parecem fáceis: com uma massa intelectual, jovem e a fervilhar de energia, a probabilidade de rupturas internas é muito grande. Com mais de vinte facções e jovens dinâmicos e ambiciosos, torna-se necessário que aconteça uma de duas situações: ou o partido tem capacidade para aglutinar e canalizar todas as energias e opiniões para o governo e gestão da coisa pública e impulsão da mudança, ou obrigar-se-á a disciplinar e “calar” todas as tendências sob pena de entrar na anarquia interna e constituir-se um desgoverno dentro do governo.
O tempo é de mudança, mas a mudança comporta riscos. Veremos se o Japão continuará a ser um exemplo para o mundo criando um novo “milagre económico”.
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