Parque de Campismo de Vila Fria - Felgueiras

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

A canícula do Verão e o tempo de férias vai-nos derretendo a inspiração e a vontade de escrever, ainda assim, aqui vai uma sugestão para quem gostar de retemperar forças e aliviar o stress traumático de 11 meses de trabalho através do "camping".

Para os amantes do "camping" rural ou de montanha, a sensação de liberdade traduz-se simplesmente pelo contacto íntimo com a natureza, liberdade essa da qual tantas vezes nos vemos privados, pela falta de tempo ou pelas obrigações inerentes aos condicionalismos da nossa própria vida.

Há dias estive no parque de campismo de Vila Fria, em Felgueiras e fiquei impressionado como num espaço tão pequeno se pode desfrutar de tanto relaxamento. O aspecto geral do parque é bastante aceitável, as instalações sanitárias primam pela higiene e limpeza quase permanente.



Existem imensos espaços arborizados, existe uma boa piscina, requisito sempre apetecível para um revigorante mergulho e um polidesportivo interessante para quem quiser manter a a forma, destacando pela negativa as áreas de acampamento, onde instalar uma tenda pode significar perder a paciência por alguns instantes, já que o piso é muito pedregoso.

Outra falha que aqui encontrei foi a falta de programas para actividades radicais dentro do parque, mas atendendo à sua pequena dimensão e à grande variedade de motivos que se encontram em redor, é perfeitamente dispensável este último requisito.

Já a zona envolvente ao próprio parque pode proporcionar alguns passeios muito interessantes para os apreciadores do pedestrianismo. O parque encontra-se encravado entre as paisagens tipicamente minhotas e as paisagens de média montanha, com o maltratado Rio Vizela a servir de guardião ao pequenos montes e vales donde esculpiu a sua vereda.




Dos cenários idílicos do verde minhoto, não poderiam faltar as vinhas do "verde" e o verde dos milheirais, prova real dada pelos muitos fios de água que fecundam e fertilizam aquelas terras.
Mas esta região é muito mais do isso, inserida na "Rota do Românico" esta é uma região rica em arquitectura românica, de que são exemplo o pequeno burgo de Pombeiro de Ribavizela.

É possível apreciar alguns exemplares de arte românica que perduraram até aos nossos dias como a ponte romana que atravessa o rio Vizela, a calçada romana que lhe dá acesso, os antigos Paços do Pombeiro, resquícios de uma memória que tornou importante este lugar algures na história. Os Paços do Pombeiro sofreram algumas obras de restauro e conservação estando hoje afectos a alojamento de turismo rural.



É também possível observar alguns exemplares de solares e casas senhoriais de arquitectura notável, ainda que de criação duvidosa, já que evidenciam a ostentação de quem enriqueceu à custa do trabalho e da exploração do trabalho dos outros, coisa muito típica ao longo de centenas de anos na região minhota. Enquanto uns trabalhavam de sol a sol as terras férteis dos seus amos na mais profunda miséria, outros enriqueciam abastadamente sanguessugueando os seus servos até ao tutano, num regime troglodita, completamente feudal.



Outra obra arquitectónica notável é o antigo Seminário do Pombeiro, o edifício é imponente apesar de estar num estado de conservação sofrível. Num tempo em que a aposta clara deste país contra a desertificação no interior e nas áreas rurais terá que passar forçosamente pelo turismo de natureza. Parece-me ser este o caminho a seguir para transformar aquele edifício numa espécie de hotel rural. Pode parecer meio disparatado, mas hoje cada vez há mais gente à procura de lugares como aquele, para desfrutar do lazer laborando nas vinhas ou nos campos e ainda pagam bem por isso. É necessário portanto que lhes sejam dadas condições condignas de alojamento, com toda a qualidade que seria exigível num grande "resort" do Algarve salvaguardando as devidas distâncias, que são muitos quilómetros com se sabe.

Capta-se turismo, visitantes, fixam-se pessoas, criam-se empregos e dinamiza-se toda a economia local, preserva-se de modo sustentável os recursos, evita-se o triste abandono dos campos e das vinhas, retrata-se um novo quadro de excelência na região e contribui-se sem sofismas para elevar o PIB do país.


É preciso no entanto, que os seculares detentores daquele espaço tenham agilidade mental suficiente, para poderem interpretar todas estas mais-valias, sem se enclausurarem tal como outrora e sempre o fizeram, na ideia divina que melhor serve para encher os seus cofres abastados. Além disso o edifício é de uma imponência e de uma arquitectura verdadeiramente impressionantes.

Por fim, não podia faltar a descrição de um dos mais belos exemplares de arte românica em Portugal, falo-vos do Mosteiro de Santa Maria do Pombeiro, que tem sofrido ao longo dos últimos tempos obras de conservação e restauro. No interior da capela do mosteiro ainda é possível observar alguns traços das paredes originais que datam da sua fundação, algures pelos séculos XI/XII e que se encontram cuidadosamente preservados numa redoma de vidro. pena é que os seus claustros interiores estejam em completa e avançada ruína, não entendendo eu, porque razão se abastardou a traça original dos passadiços superiores do claustro com materiais pouco condizentes com aqueles que ali foram colocados originalmente.



O Mosteiro deve ter sido abastecido de água ao longo de séculos por um pequeno aqueduto. No local ainda se podem observar alguns arcos bem preservados.

Se existem muitas coisas miseráveis neste país encontramos por aqui, um exemplo típico de incúria por parte da administração local. Esbanjam-se fortunas colossais em obras que depois são abandonadas, restando um impacto deprimente na paisagem. Presumivelmente tudo indica que ali iria nascer um parque de lazer, o que se vê é uma imensa procissão de arvoredo típico de parques e jardins, ladeado de ervas por todos os lados, entulho aos montes, silvas, dejectos e respectivos limpadores de papel, lixo, muito lixo, enfim, se era coisa para inglês ver passou a ser mesmo coisa genuína de português(a)-brasuca fugidia e incompetente.



Haja vergonha (q.b.) para requalificar aquele espaço e haja coragem para punir os responsáveis pelo esbanjamento do dinheiro. O mosteiro está classificado como Monumento Nacional desde o tempo da implantação da República (1910).

Tirando alguns pormenores de apreciação devo dizer-vos que esta região tem um potencial enorme para o turismo e para o lazer , assim queira quem pode e faça quem sabe.

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