Vouguinha - 100 anos de História (A crónica da viagem comemorativa - Parte I)

domingo, 23 de novembro de 2008





Há 100 anos foi inaugurado o troço Espinho/Oliveira de Azeméis, 100 anos depois reviveu-se de forma entusiástica a viagem Inaugural.

Foram às centenas os entusiastas, que se prestaram a relembrar os tempos áureos do vouguinha.

Tudo começou bem cedo pela manhã em Espinho, pelas 9h30m em ambiente de enorme festa, era descerrada uma placa evocativa dos 100 anos da Linha do Vale do Vouga.

Aqui deixo em singelas palavras o relato desta viagem, para mais tarde recordar.
9h3om saída de Espinho, com algum atraso e todo engalanado a preceito, pois a ocasião é de festa, lá foi dada partida ao vouguinha.



Apesar de a CP ter disponibilizado 4 composições, o comboio estava repleto de gente, muitos foram os que em Espinho tiveram que esperar pelo próximo comboio.


Primeiro grande momento da viagem,Sampaio de Oleiros, na plataforma da estação o Vouguinha era aguardado por centenas de pessoas que ao som da Banda de música e do rancho folclórico local davam as boas-vindas ao Vouguinha.



Curioso e sintomático, do carinho que as populações nutrem pelo vouguinha, foi o facto de durante toda a viagem, milhares de pessoas se encontrarem ao longo da via férrea a acenar ao comboio, confesso que cheguei a sentir alguma comoção.

Chegada a Paços de Brandão, foi talvez o momento mais triste desta viagem, muito pouca gente na estação, é lamentável aquilo que se passou numa das estações mais importantes de toda a linha. Estava previsto pelo programa oficial das comemorações, que lá estivesse um grupo de animação, confesso que não me apercebi de nada e inclusive, não me apercebi também da presença de qualquer entidade oficial da freguesia, enfim, considero insultuosa para o orgulho, das gentes de Paços de Brandão a falha que ali houve.



Os Brandoenses são dos que mais vida dão a este meio de transporte e a comprová-lo, o facto de dezenas de brandoenses terem iniciado a sua viagem em Espinho. Apesar disto, ainda entraram algumas pessoas no comboio, que por esta altura já abarrotava pelas costuras.

Riomeão, mais uma excelente recepção, com muita animação, desta vez feita pelo rancho folclórico local.

São João de Vêr, foi com enorme surpresa que assisti à recepção apoteótica nesta localidade, eram seguramente centenas as pessoas que se dispuseram ao longo da plataforma da estação.
Foi aqui também, que alguns sanjoanenses brindaram o vouguinha com malápios, um fruto semelhante à maçã e que é marca estilizada deste povo há pelo menos um século.



Conta-se que na viagem inaugural do vouguinha, as pessoas de São João de Vêr, impressionadas com a máquina a vapor, terão presenteado o comboio com este fruto, para que retemperasse as suas forças. Desde então, talvez por uma questão de chacota bairrista, os habitantes de São João de Vêr, são alcunhados carinhosamente, pelos habitantes das freguesias vizinhas de "malapeiros"!

O traçado da linha do vouga que precede a sua chegada a S.J.Vêr, vindo de Espinho, é feito em subida com alguma inclinação, era ali que o comboio a vapor reabastecia a sua caldeira de água.

Ainda hoje, é visivel junto à estação, o antigo silo. Apesar da ferrugem que lhe foi marcada pelo tempo, ainda resiste altivo à passagem dos comboios, pelo contrário a sua velha parceira, já há muito se reformou.

Foi uma verdadeira pena, que este percurso não pudesse ter sido feito pelas velhas máquinas a vapor, ao que parece por razões técnicas, as máquinas dificilmente resistiriam a esta derradeira viagem.

Para quem tiver alguma curiosidade sobre estas lendárias do caminho de ferro, no núcleo Museológico de Macinhata do Vouga ainda se encontram algumas das máquinas que, outrora serpentearam o vale do Vouga.

O Comboio despediu-se de São João de Vêr em clima de grande festa, com centenas de pessoas acenar, foi bonito de se ver...

Nos apeadeiros do Cavaco e de Sanfins, muitas pessoas assitiram à passagem do Vouguinha, que lá suguiu a sua lenta cavalgada pela trincheira da Piedade rumo à Vila da Feira.




Chegada a Santa Maria da Feira, com a velha estação da "Vila da Feira", de cara lavada, viu-se que a REFER, trabalhou arduamente nos últimos dias, para que tudo parecesse um brinco! ou não fosse ali que as altas individualidades do concelho se perfilariam para fazer a recepção a sua majestade, o rei Vouguinha geração III.

Nota : Como o texto é demasiado extenso para ser publicado de uma só vez, ele será subdividido em partes, por agora fica a Parte I, continuarei posteriormente com a viagem, tal como o fez o vouguinha que se deteve largos minutos nesta estação, enquanto aguardava pelo cruzamento com o seu irmão, vindo de São João da Madeira.


PUBLICAÇÃO : O COMENDADOR

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