Vouguinha - 100 anos de história (A crónica da viagem comemorativa - Parte II)
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
Antes de retomar a crónica da viagem evocativa dos 100 anos da Linha do Vale do Vouga, quero introduzir aqui um parêntesis, para referir que houve algumas alterações ao programa oficial, coisa que acredito tenha acontecido pelo facto da viagem ter demorado bem mais do que o previsto. Era previsível que o comboio chegasse a Santa Maria da Feira por volta das 10 h, a verdade é que chegou bem depois das 10h, 30m, as inúmeras saudações de que foi alvo o Vouguinha nas estações e apeadeiros, foi retribuído compreensivelmente, pela organização.
A chegada a Santa Maria da Feira foi impressionante, um mar de gente aguardava a chegada do comboio para simbolicamente, regredir no tempo e fazer a recriação da aclamação do rei.
Feito o discurso da praxe, o rei desapareceu entre a multidão, refira-se a propósito que, estranhamente,uma parte da realeza embarcou no apeadeiro da Lapa, próximo de Sampaio de Oleiros.
A animação musical esteve a cargo da Tuna do Isvouga, que foi entretendo o povo com as suas cantorias.
Foi também na estação da velhinha "Villa da Feira", que se concentrou grande parte da comitiva e das entidades oficiais, assim como altos dignatários políticos locais.
Ana Paula Vitorino, secretária de Estado dos Transportes foi a representante enviada pelo governo, para anunciar uma série de medidas previstas para a Linha do Vouga.
A mais importante dessas medidas prende-se com a segurança nas passagens de nível.
O protocolo foi ontem finalmente assinado entre a Refer e a Câmara da Feira e deverá estar totalmente implementado até 2010.
Das 38 passagens de nível existentes no concelho da Feira, 19 serão suprimidas e outras 19 automatizadas, tudo num investimento total de 4,6 milhões de euros, a ser repartido pelas duas entidades.
Outra das medidas que anunciou, foi o estabelecimento de um protocolo entre a CP e a Câmaras de São João da Madeira, de Santa Maria da Feira e de Oliveira de Azeméis que tem por horizonte, a colocação de novos comboios a circular , numa primeira fase entre Arrifana e Orreiro, atravessando todo o concelho de São João da Madeira, podendo este programa vir a ser adoptado a outros troços de linha que tenham mais procura pelos utentes.
Basicamente, pretende-se melhorar o serviço em termos de horários e de frequência de composições, de modo a ir ao encontro das necessidades das pessoas. O Investimento previsto para este projecto será de aproximadamente 9 milhões de euros, e deverá contar com apoios comunitários, estando prevista a sua definitiva implantação em 2011.
Para não me perder demasiadamente nestas questões, resolvi dar uma voltinha pelas imediações da estação da Feira, e fiquei surpreso com o serviço complementar de transportes que estava disponível mesmo à saída da estação, uma série de charretes e coches. Presumo que só ali estivessem para se agregarem às comemorações do Vouguinha, mas de todo o modo, o negócio até pode ter pernas para andar, desde que seja criado um circuito turístico para a cidade, que contemple a zona da estação e toda a zona histórica.
Finalmente, depois de realizadas todas as cerimónias protocolares entre as várias entidades, o cenário escolhido, foi a antiga sala de espera de passageiros, eis que o Vouguinha se aproxima, para mais uma etapa da viagem, desta vez o destino é a terra do calçado - São João da Madeira; onde haverá um almoço de confraternização e onde serão assinados os protocolos com a autarquia local, que atrás referi.
A tuna do Isvouga, fez as honras da despedida e o comboio despediu-se da Villa, completamente à pinha, passava já do meio-dia. Acrescente-se que muita da comitiva VIP, embarcou no vouguinha rumo a São João da Madeira. Ou muito me engano, ou alguns VIP tiveram a oportunidade de realizar o seu baptismo férreo na Linha do Vouga.
Chegada ao apeadeiro de Escapães, estalaram os foguetes ao som da música folclórica do rancho local, pelo caminho o mesmo cenário que encontramos da parte da manhã, centenas de pessoas que se abeiravam da linha para acenar à passagem do Vouguinha.
A chegada a Arrifana foi contemplada com uma imponente demonstração de orgulho dos Arrifanenses, a banda de música local marcou o compasso, gostei bastante.
Em São João da Madeira estavam seguramente centenas de pessoas e a confusão foi maior quando os passageiros do comboio se misturaram com a multidão que os aguardava.
Nos meus planos, tinha previsto almoçar aqui, mas a confusão era tanta que resolvi seguir viagem rumo a Oliveira de Azeméis.
Enquanto aguardava a partida do comboio, ainda tive tempo para dar uma espreitadela pela zona envolvente à estação que sofreu uma transformação de vulto nos últimos tempos, existe agora um túnel por baixo da linha férrea que facilita o trânsito local que se desloque para a zona desportiva. O muro que delimitava o espaço da estação foi removido e substituído por um espaço ajardinado com relva, sem dúvida, uma aposta na modernidade,que rompe com o tradicional aprisionamento das gares face à envolvência das ruas.
Parte o comboio, agora muito mais aliviado, o que permitirá usufruir melhor da paisagem.
Paragem em Faria, sem grande pompa, pois a hora é de almoço.
Couto de Cucujães, já da última vez que cá tinha passado, senti tristeza pelo deprimente estado de conservação da estação, tudo permanece igual, com o edifício a desprender-se aos pedaços. Houve ali uma espécie de limpeza de circunstância, cortaram-se silvas e ervas para a ocasião festiva da comemoração, mas nada mais...
Santiago de Riba-Ul, tudo igual, o espaço onde esperam os utentes do comboio é pouco digno e desadequado para o efeito.
Atravessando o rio Ul, o comboio inicia um estranha bailado de curvas e contra-curvas, serpenteando e rasgando, campos e montes, vai vencendo o árduo declive até Oliveira.
Chegados a Oliveira de Azeméis é tempo de procurar almoço ...o Vouguinha segue o seu caminho, em mais uma viagem triunfal que o levará até à Sernada do Vouga.
Depois do almoço, é tempo de regressar à estação, para assistir à chegada da comitiva oficial vinda de São João.
Centenas de pessoas dão largas ao entusiasmo e a banda de Santiago de Riba-Ul ajuda a marcar o ritmo. Em Oliveira é decerrada mais uma placa evocativa desta data.
Segue-se uma visita apeada à exposição do centenário da Linha do Vale do Vouga, numa galeria da cidade Oliveirense, mostra essa, que vai percorrer os sete concelhos servidos pelo caminho-de-ferro. Infelizmente, acabei por não fazer esta visita à exposição, o adiantar da hora iria dificultar a minha viagem de regresso.
No regresso, o comboio está completamente apinhado e com o ambiente quase irrespirável, já perto de Santa Maria da Feira, dá-se uma situação bastante aflitiva, alguém que sofreu uma queda de tensão e desmaiou, o que obrigou o Vouguinha a reter a sua marcha por largos minutos em Sanfins, para que os bombeiros pudessem dar assistência à pessoa que se sentiu mal, que entretanto seguiu para o Hospital.
Pelo caminho, ainda foram muitas as pessoas que aproveitaram a ocasião para fazer um viagem gratuita até Espinho.
Foi assim, com esta ligeireza que procurei fazer a descrição dos momentos altos, que marcaram as comemorações do 1º centenário da Linha do Vale do Vouga.
PUBLICAÇÃO : O COMENDADOR
1 comentários:
Bom , podiam era fazer um poste, com os horários do Vouguinha.
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