Jesus nasceu mesmo a 25 de Dezembro?

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

O mundo cristão celebra o dia 25 de Dezembro  como sendo o dia do nascimento de Jesus, tendência que se globalizou pelo mundo crente e descrente e se entranhou no domínio do consumismo e do dinheiro, mas terá Jesus nascido mesmo a 25 de Dezembro?

Antes de procurar-mos desmistificar esta data, vamos recordar um aspecto importante que nos é relatado por muitos escritos históricos.

Assim, são vários os escritos históricos e que chegaram até nós que afirmam que os filhos dos deuses tanto de cultos pagãos, como de cultos religiosos nascem no dia 25 de Dezembro e que têm a particularidade de terem sido concebidos por uma mulher virgem!

Exemplos:
  • Na mitologia Grega, temos Hércules e Apollo, sendo que Hércules era um semi-deus, filho de Zeus e da mortal Alcmena, por conseguinte, era um ser mortal. Já Apollo era uma divindade imortal era um  deus do Olimpo, filho de Zeus e da ninfa Leto. Apollo tinha uma irmã gémea, Ártemis que nasceu precisamente no mesmo dia.
  • Na mitologia Egípcia, temos Osíris, talvez a mais popular divindade de culto no antigo Egipto. A Osíris era atribuída a regência das plantas e da vida para além  da morte.
  • Na religião Hindu temos Shiva, o deus destruidor e que compunha a santíssima trindade dos budistas juntamente com Brama, o deus criador e Vixnu  o deus preservador.
É um facto que os seres acima descritos são divindades esotéricas, se exceptuar-mos Hércules, mas mesmo esse, apesar de ser um semi-deus não tinha o estatuto da adoração. Posto isto, não seria Jesus  também ele um ser esotérico?

Sabemos hoje, que a ciência e as técnicas da fertilização medicamente assistida, permitem a concepção de um ser humano sem recurso ao rompimento do hímen feminino, mas no tempo de Jesus isso não seria possível, a menos claro que a sua mãe fosse também ela um ser esotérico.

As crenças sustentam-se nas premissas da fé e do credo, não têm por base o reconhecimento existencial dos factos. Não duvido da existência de um ser extraordinário de sabedoria, de oratória e de filosofia de vida que deu pelo nome de Jesus, não duvido igualmente que  a sua mãe tenha sido Maria, já tenho sérias dúvidas  que Jesus viesse ao mundo imbuído desse carácter divinal e espirituoso com que as religiões cristãs o idolatram.

Nem questiono a virgindade de Maria, porque essa parece-me inquestionável, Maria não era virgem! Só o reforço do preconceito milenar, do pecado original, associado ao sexo é que permitiu manter viva a ideia da imaculação  da mãe de Jesus. Porque razão o filho de deus, mesmo tendo sido feito homem de carne e osso, tinha que ser diferente de todos os outros homens feitos de carne e osso, tanto no nascimento como na morte?

Mesmo que por absurdo Maria tivesse concebido Jesus e mesmo assim permanecesse virgem, certo é que não morreu virgem. A prova documental encontra-se nos escritos da bíblia. Nesse livro existe uma pequena referência aos cinco irmãos de Jesus, que se presume terem sido filhos de Maria e sobre esses as escrituras não fazem referência à forma como foram concebidos. O anjo Gabriel que cedeu o sémen , por  intercessão do espírito santo e assegurou a fertilização de Maria,  ausentou-se dessa assistência, quando Maria engravidou dos irmãos de Jesus, deixando possivelmente para José essa incumbência.

Curioso ou não, coincidência ou não, este comportamento do anjo Gabriel é em tudo idêntico ao comportamento de alguns saltimbancos machos, que se aconchegam no calor da luxúria, mas que depois desviam a assunção  da responsabilidade paternal unicamente para a mãe. Os cristãos ainda hoje celebram a Assunção de Maria no dia 15 de Agosto. Este culto encerra em si mesmo um dos mais controversos dogmas dentro da igreja católica - O culto de Maria.

A verdade inquestionável sobre a assunção de Maria traduz-se basicamente por isto:

Maria por ter sido mãe de Jesus e sobretudo, acrescento eu, por ter sido abandonada pelo pai biológico da criança, ganhou o seu lugar celestial de corpo e alma junto de seu filho.

É fácil perceber que as fundações do cristianismo têm alicerces na adaptação de cultos pagãos e como tal o messias salvador não poderia nascer num dia qualquer. Qual seria então o melhor dia para uma criatura espiritualmente superior, nascer de uma virgem?
25 de Dezembro claro!

Esta data foi criterosamente escolhida, pelos altos dignitários da igreja cristã muito depois de Jesus já ter falecido, aliás tenho dúvidas que ele próprio soubesse em que dia nascera. Em nenhum versículo da bíblia está escrito que Jesus nasceu a 25 de Dezembro, mas mesmo considerando que pudesse ter nascido nesse dia, vejamos o que relata a bíblia a propósito do nascimento do messias:

A bíblia refere que alguns pastores, guiados por um anjo, acorreram ao estábulo onde Jesus nascera, para lhe prestarem adoração.
Em primeiro lugar este anjo era possivelmente o pai biológico da criança que terá pedido auxílio quando viu a sua mulher a entrar em trabalho de parto. Ele até pode ter pedido auxílio mas de certeza que não o pediu aos pastores no dia 25 de Dezembro, pelo menos parece pouco plausível. Por essa altura de Inverno os pastores não apascentam rebanhos na Galileia, primeiro porque faz muito frio, depois porque o terreno é demasiado árido nesta altura do ano para que os rebanhos tivessem pasto no solo. Os pastores só na Primavera é que regressam aos campos áridos e semidesérticos para apascentar o gado. Para que a história do nascimento de Jesus tenha algum sentido, ele deve ter nascido na Primavera, mês de Março ou Abril, ou então, o seu nascimento entrou no domínio dos produtos do folclore e das lendas populares.

Então chegados a este ponto, porque é que a igreja escolheu o dia 25 de Dezembro?

O significado original do 25 de Dezembro é que nesse dia, os pagãos festejavam o dia  do regresso do sol.
No 21 de Dezembro ocorre o solstício de inverno, que é o dia mais curto do ano e desse modo é uma das efemérides mais importantes do calendário. Essa efeméride deve ter assumido contornos divinos na antiguidade e durante muitos séculos. O 25 de Dezembro era o primeiro dia onde os antigos podiam notar claramente, que os dias se estavam a tornar maiores e que a luz do sol estava de regresso. Ainda hoje temos um adágio popular que nos transmite relativamente ao crescimento dos dias : "... depois do natal, saltinho de pardal!"

Então, o 25 de Dezembro, antes de mais, tem por base uma tradição de culto astronómica e só muito depois apareceu o mito do nascimento de Jesus nesta data.


Assim, por que razão a Igreja Católica escolheu o 25 de Dezembro para lembrar o nascimento de Jesus com uma missa ou ceia? Como ninguém sabia o dia em que Jesus nasceu , a Igreja Católica tomou o livre arbítrio de escolher essa data. Nos primórdios da Igreja havia a pretensão de estender o seu domínio aos cultos pagãos, que por essa altura ainda eram maioritários entre as populações Romanas. E assim, viu nessa data uma oportunidade de substituir o festas pagãs de culto ao Sol, por um dia  de santidade cristã.

O ideia era mais ou menos esta: substitui-se uma festividade com raízes populares mas mundanas, por uma festividade que fizesse a apologia das virtudes da igreja assentes no nascimento do seu fundador. De outro modo, a Igreja teria deixado um vazio onde antes havia uma tradição de longas datas, o risco era que estes cultos  estavam de tal forma enraizados que seria imprudente simplesmente eliminá-los e isso poderia provocar um enorme descontentamento popular assim como, provocar o regresso generalizado das práticas  politeístas do paganismo.

Concluindo a data do 25 de Dezembro foi criada pela Igreja Católica por uma questão de diplomacia cínica, com contornos obscuros que tinham por objectivo acabar "docemente" com os cultos ímpios dos pagãos.

1 comentários:

Daniel Gomes disse...

É isso mesmo. Importa ainda acrescentar que, muito provavelmente, a data do nascimento de Jesus Cristo foi decidida no Concílio de Niceia. Para além da data do nascimento, também a divindade de Jesus Cristo foi votada, pois até aquela altura, Jesus Cristo era considerado um grande pregador, mas acima de tudo... um homem.

Como tu referiste, e bem, o Natal é uma mescla de tradições pagas e cristas e, de facto, tratou-se de um acto de diplomacia política conduzida pelo imperador Constatino (o 1º imperador católico romano).

Este Constantino, segundo os livros de história, era muito pragmático, pelo que não não teve problemas em criar uma nova religião oficial para o império, acalmando pagãos e cristãos, que naquela altura começavam a não se entender.

Excelente texto.
Daniel

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