Crónicas do Tchort - Conspirações Bíblicas (Capitulo I)

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Capitulo I - As Amantes de Deus

Como o assunto do momento são as conspirações, nada melhor do que temperar a interpretação das sagradas escrituras com algumas teorias alternativas.

Deus apesar de ser uma entidade metafísica, não era desprovido de sentimentos nem de emoções.

Apesar de parecer difícil esta interpretação, basta que nos reportemos ao ataque de ira que exteriorizou, quando a Eva, desobedecendo às regras por si impostas, descobriu os prazeres da árvore da sabedoria e do conhecimento. A cólera que sentiu quando através do dilúvio exterminou quase toda a humanidade e todos os seres vivos que viviam em estado de depravação generalizada.

Portanto, Deus tinha emoções próprias e comuns a qualquer ser mortal. Por isso mesmo, apesar de toda a sua omnipotência, Deus teria igualmente carências no plano afectivo, a solidão seria por certo uma dessas sensações que lhe aflorava as carências, mas desengane-se quem pensar que Deus viveu em estado celibatário eternamente.

Deus era caprichoso como qualquer ser comum, tinha uma companheira, com quem vivia em união de facto, (naquele tempo não houve um padre que estivesse disponível para lhe fazer um matrimónio, como devem ser feitos os matrimónios religiosos, mas isso não era coisa de sobeja importância, Deus estava mais preocupado em partilhar e viver os seus afectos de forma natural).

A sua companheira era a Coca (os brasileiros chamam-lhe Cuca, nas décadas de 70 e 80 ficou imortalizada no pequeno ecrã televisivo, pelo seu desempenho na série infantil - "O sítio do Pica-pau amarelo").

A Coca era um ser alienígena de proveniência incerta, que gostava de viajar no espaço interstelar a bordo de uma nave espacial. Tudo aconteceu quando a nave em que seguia embateu num meteorito e se despenhou sobre a Terra.

Isto terá acontecido mais ou menos no 3º dia da criação do mundo. Por sorte, o engenho espacial acabou por cair no mar Mediterrâneo, salvando-se assim a Coca e uma medusa que se fazia transportar a bordo da nave espacial clandestinamente.

A Coca era um ser estranho, muito bizarro mesmo, Deus percebeu logo que a viu, que semelhante "coisa" não poderia ter sido obra da sua imaginação nem tão pouco coisa da sua criação divina e muito menos uma graça do Espírito Santo.

A Coca era assim uma espécie de besta monstruosa, cauda de réptil e corpo de jacaré, com umas franjinhas engraçadas na cabeça, que lhe davam um "look" bestial no cabelo.

Pela descrição percebe-se que a Coca não era um primor de beleza, pelo contrário era até bem feiínha, mas aos olhos encantados de Deus isso era de somenos importância, a beleza e a fealdade eram conceitos vagos e relativos sem muito significado, não havia termo de comparação, porque não havia ninguém para comparar, além disso não havia espelhos e a Coca não percebia o quão ridículo era o seu penteado, enfim... mas, Coca era a predilecta do coração de Deus, sim porque se Deus tinha emoções também tinha coração.

Foi assim que Deus se enamorou, numa ardente e voluptuosa paixão com a Coca,.

Há medida que a paixão elevava a sua testosterona a níveis críticos, outras coisas se elevavam a níveis criticáveis.

Então, Deus sentiu um desejo irresistível de praticar o coito.

Durante a sua solitária presença no mundo, que ele próprio criara, Deus tinha lido vários capítulos de um livro de literatura sânscrita como forma de passar o tempo. Esse livro o "Kama Sutra" era uma verdadeira enciclopédia da arte de bem fazer, aquilo que deve ser feito quando as hormonas impelem os genes para as duas vesículas seminíferas.

E Deus praticou o coito por várias vezes nesse dia e outras tantas vezes nos dias seguintes.

Deus esperava assim disseminar os seus genes pelo mundo, o que ele desconhecia era que a Coca
era estéril e jamais lhe daria aquilo que a um Deus deve ser dado - a descendência.

Frustrado com a sua companheira, Deus não tardou muito a cometer infidelidade conjugal, primeiro com a medusa que acompanhava a Coca na altura em que o seu aparelho se despenhou no mar Mediterrâneo.

Desta relação com a medusa, nasceria Lúcifer, o filho primogénito de Deus, o mais belo de entre os seus filhos, concedeu-lhe a graça de ser o guardião da luz, uma das suas mais geniais criações.

No entanto Deus, não apreciava muito os encantos e muito menos os cnidócitos da medusa, que lhe faziam baixar os níveis hormonais drasticamente por isso, esta relação não durou muito, além disso a medusa concedera-lhe aquilo que a um Deus deve ser concedido - um primogénito e isso bastava.

Deus abandonou a medusa e abraçou a poligamia como forma de acabar, com a monotonia e com os espinhos das mal experimentadas relações anteriores.

Manteve durante largo tempo, uma relação de concubinato com duas am(ão)ntes; a Dextra e a Canhota.

Deus relacionava-se muito intimamente com estas duas concubinas, alternando o vazamento da sua paixão, ora com a Dextra ora com a Canhota e não raras vezes com as duas ao mesmo tempo, numa divinal orgia a três. A Dextra era mais conservadora, a Canhota era mais progressista , quando as maiorias convergiam era possível formar um verdadeiro bloco central, onde apenas escapavam os mindinhos, ora à Dextra ora à Canhota.

Foi na sequência de uma destas orgias a três que nasceram dois gémeos, um do sexo feminino, outro do sexo masculino.

Praticava Deus o coito com a Dextra e com a Canhota, num frenesim doentio, numa relação completamente desprotegida e irresponsável, quando Deus sentiu aproximar-se a Coca, sua legítima companheira.

Deus ficou petrificado, a causa da sua ausência nos deveres conjugais acabava de ficar descoberta, literalmente a nu. Subitamente, o caudal sanguíneo nos tecidos cavernosos esmoreceu, e algo mais se interrompeu logo ali, o coito foi travado de forma drástica e interrompeu-se o que não deve ser interrompido. Nunca Deus se sentira tão pequenino e murcho, mas era tarde demais, duas pequenas sementes se escaparam, por onde todas as outras se teriam escapado, caso houvesse dureza e verticalidade para tal e quedaram-se no solo argiloso.

Esta seria a mais dramática queda da história e que não encontrou paralelo até aos dias de hoje.

(Continua...)

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  © Feira das Conspirações! - Santa Maria da Feira - Portugal - Maio/2008

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