Santa Maria da Feira - O desemprego crescente e a angústia social preocupante

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009


O concelho de Santa Maria da Feira, esteve ontem particularmente em foco no programa Prós e Contras da RTP (ver o vídeo da 3ª parte).

Pode acrescentar-se que esta promoção do concelho foi pelas piores razões: O desemprego, os dramas familiares e a calamidade social que se avizinha.

Achei deveras preocupante a intervenção do presidente da Câmara da Feira. Achei preocupante por duas ordens de razões, a primeira delas porque tive a sensação que ele estava bastante assustado e tenso, desconheço se era pela situação de pré-calamidade social em que se encontra o concelho, se era pelo desconforto do momento.

No entanto razão pela qual fiquei bastante preocupado, foi pelo facto de Alfredo Henriques entender ser desnecessário um plano anti-crise para o concelho, justificando a sua resposta pelo facto do concelho da Feira, ser provavelmente um dos mais bem dotados em termos de rede social a nível nacional.

Seja lá o que isto queira significar, parece-me que a importância da rede social do concelho não pode ser medida pelo tamanho de uma tenda, mas sim pela acção que directamente pode ter no apoio social efectivo das pessoas que dele precisam.

É positivo que a Câmara da Feira neste momento possa dar um contributo para amenizar as dificuldades das famílias, que se vêem privados da sua fonte de rendimentos ou seja, o trabalho.

Pelos ecos que são veiculados pelas pessoas em situação de maior desespero, a Câmara da Feira e as suas assistentes sociais pouco mais têm dado que apoio moral.

Sendo importantes algumas medidas que foram anunciadas de apoio, em termos de gratuitidade de alimentação e lanches escolares para as crianças das famílias mais carenciadas, assim como o assumir das despesas com creches e ATL's, eu julgo que o apoio pode e deve ir muito mais além.

Desde logo, a Câmara da Feira não pode intervir apenas nos casos que têm uma exposição mais mediática junto da comunicação social. O drama do desemprego e da falta de pagamento de vencimentos a trabalhadores alastra-se já às micro e pequenas empresas, sendo certo, que o próprio sindicato talvez até desconheça algumas destas situações.

Fazia todo o sentido que neste momento estivesse criado um gabinete municipal, onde as pessoas que se encontram nesta situação particularmente difícil pudessem recorrer e naturalmente as assistentes sociais pudessem filtrar as situações que efectivamente carecem de apoio emergente.

A ideia com que fiquei é que existe algum trabalho de cooperação entre a Câmara Municipal e o sindicato, mas isso só não chega, existem muitos trabalhadores que não são filiados no sindicato e que vivem os mesmos dramas daqueles que o são e não podem ser esquecidos.

A Câmara da Feira também pode e deve ir mais longe no apoio às famílias, seja em ajudas ao pagamento da renda de casa, seja na isenção extraordinária do pagamento de IMI, que brevemente (Abril) começará a chegar à caixa de correio de todos os Portugueses, (não estou a ver como é que estas famílias poderão pagar se não têm sequer para comer, serão penhoradas as casas?), seja no auxílio ao pagamento de serviços de necessidade básica, água, saneamento, luz e gás. Urge intervir em variados domínios e não só naquilo que mediaticamente pode catapultar a nossa compaixão - As crianças. Não se trata de esmolas, trata-se da obrigação social do estado que neste caso está delegado nas autarquias, pela relação de proximidade que existe com os cidadãos e pela proximidade que existe com o conhecimento e levantamento dos seus problemas específicos.

Bem sei que isto irá comportar alguns encargos suplementares, mas não deixa de ser verdade que não serão gastos insuportáveis em termos orçamentais e que prioritariamente se destinam a aliviar temporariamente a angústia de pessoas que de um momento para o outro deixaram de receber os salários a que tinham direito, sem que para isso tivessem qualquer contributo e que agora terão que aguardar pacientemente de barriga e bolsos vazios o desenrolar da justiça, que é demasiado lento como se sabe.

Se numa autarquia existem cerca de 150000 € , para promover um boletim municipal de propaganda eleitoral, e duplicação orçamental de verbas para promoção de imagem ,não se pode dar a falsa ideia que a contenção de despesas de apoio social se deva a qualquer dificuldade resultante da crise. Portanto, não será de todo descabido pensar que, em nome da coesão social ,a Câmara da Feira se tenha acautelado apropriadamente para fazer face ao que aí vem.

PUBLICAÇÃO : O GADANHA

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